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Água potável é essencial para produção de cerveja. Para cada litro da loira gelada é preciso 155 litros do mineral.

Para a marca Stella Artois não basta ter a compreensão de que o mundo vive uma crise de abastecimento de água, é preciso agir. Foi com isso em mente que lançou no ano passado a campanha multidisciplinar Buy a Lady a Drink (em uma tradução livre, Compre uma bebida para uma senhora), criada pela Mother, de Londres, com coordenação da brasileira Ana Balarin, jurada da área Film do Cannes Lions 2016 como representante do mercado inglês, e Hermeti Balarin, seu marido, que dividem desde o ano passado a posição de diretores-executivos de criação (ECD) da agência. Um estudo encomendado pela Mother comprovou que mulheres de países em desenvolvimento consomem 200 milhões de horas por dia na coleta de água para as suas famílias.

Como ajudar uma lady? O cerne da ação de responsabilidade social foi o lançamento de uma edição limitada de taças com a marca Stella Artois, fruto de uma parceria com a ONG Water.org. Para cada cálice vendido na Amazon.com, a marca se propôs a doar cinco anos de água potável para mulheres em países como Honduras, Etiópia, India, Quênia e Haiti. Cada cálice foi modelado a partir de uma obra de arte específica de cada país. Os filmes narram histórias como a de Anita. A marca de cerveja doou cerca de US$ 1,5 milhão para a Water.org beneficiando 290 mil pessoas.

“A história de Anita, que tinha uma torneira de água instalada em sua casa há um ano, é de esperança”, destaca Ana. “Ter água disponível no início de cada dia está permitido a Anita trabalhar nas plantações de empresas familiares, evitando a longa viagem ao centro de Nagpur, na Índia, para fazer compras no mercado. Mais importante, as crianças de Anita não precisam faltar à escola por causa da falta de água”, ela acrescenta.

A campanha Buy a Lady a Drink foi lançada em 2015. Em janeiro deste ano, porém, estreou no festival de cinema Sundance, nos Estados Unidos, com dois filmes. “Realizamos um documentário filmado em 360º e um zootropo moderno, ambos mostrando o impacto positivo que o acesso à água tem nas mulheres ao redor do mundo. É uma campanha com múltiplas plataformas, todas funcionando em sincronia, para atingir um objetivo comum: doar água potável em comunidades carentes de países em fase de desenvolvimento”, explica Ana.

Vários artistas aderiram ao projeto. Um deles foi o ator Matt Damon, que é parceiro de primeira hora da Water.org. “Eu vi como a vida das mulheres e das suas famílias pode mudar quando elas passam a ter acesso à água limpa em casa. O acesso à água significa acesso à educação, ao trabalho e ao tipo de futuro que queremos para toda a humanidade”, raciocina o ator, que lidera outros projetos relacionados com água no continente africano.

Carreira

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Desde 2007 na Mother, quando começou como estagiária, Ana está participando da pré-seleção online do Film Lions, mas não se impôs nenhum tipo de preparação. Seu critério é “ideia original, acima de tudo”. Considera o Cannes Lions “muito importante”, mas gosta de citar o primeiro Leão conquistado há nove anos: um filme para a rede de farmácias Boots. “Esse é memorável”, diz. “O mercado inglês é muito particular. É diferente do europeu e também do brasileiro. Apesar de ser um mercado relativamente pequeno, especialmente em relação ao Brasil, há campanhas feitas aqui, para produtos locais, que acabaram tornando-se referência da propaganda mundial. A tradição de humor, mais seco e sofisticado, tem uma grande influência na comunicação”, prosseguiu Ana.

O diferencial da Mother, em sua opinião, é realizar trabalhos, como o de Stella Artois, capazes de impactar a cultura e não apenas na publicidade. “A linha que separava a mídia tradicional da digital desapareceu. Hoje, a maior parte do conteúdo produzido acaba sendo consumido nas redes sociais, mesmo que tenha sido feito para a mídia tradicional. O cenário digital nunca foi tão relevante. Nos últimos anos a tendência entre clientes e agências foi a de investir em causas sociais. Isso é ótimo e absolutamente necessário, mas inevitavelmente gera um conteúdo mais sério, salvo raras exceções. Para falar de tendência, acho que o humor está prestes a fazer um comeback”, atesta a ECD da Mother.