Kassu, Medeiros e Reis: líderes da CP+B no BrasilA Crispin Porter+Bogusky, agência do grupo MDC Partners, anunciou na semana passada sua entrada no mercado brasileiro, após anos de tentativas. A companhia terá a liderança criativa da dupla Marcos Medeiros e André Kassu, ex-diretores de criação da AlmapBBDO e uma das mais premiadas do país nos últimos anos. O negócio será gerido por Vinicius Reis, ex-agência We e com experiência no mercado norte-americano. Todos terão participação societária na operação.

Baseada em São Paulo, a CP+B Brasil irá trabalhar com clientes brasileiros e globais e desenvolverá campanhas em parceria com outros escritórios da agência, localizados em Los Angeles, Boulder e Miami (EUA), Londres, no Reino Unido, e Gotemburgo, na Suécia. Ainda não há clientes locais. “Temos muitas conversas abertas, mas nenhuma conta fechada. Há vários diálogos globais, estamos em contato com as unidades de Miami e de Londres e poderemos trabalhar por alinhamento ou não”, afirma Reis. Globalmente, a Crispin atende empresas como Bic, Microsoft (Windows Phone e XBoxOne), Mini, Hotels.com, Turkish Airlines, Best Buy e AppleBees, entre outras.

A companhia inicia sua operação com cinco profissionais – os três executivos, além de duas pessoas para a área financeira. “Largamos como uma startup na sua definição mais real”, resume Reis. A expectativa é de que o escritório tenha lucratividade relevante rapidamente. “Queremos ter negócios o quanto antes e fazer trabalhos que tenham visibilidade. Desejamos ser um hub criativo e uma agência de faturamento bom”, diz Reis.

Autora de cases premiados, a Crispin não terá uma inclinação online ou tradicional no Brasil. Os sócios dizem que buscarão profissionais que entendam a “complementaridade” dos meios. Nos últimos anos, a CP+B esteve por trás de campanhas como “Small business gets an official day”, para a American Express, vencedora de dois Grands Prix [Direct e Promo] no Cannes Lions de 2012, e de memoráveis ações para o Burger King, com destaque para a “Subservient Chicken”.

As primeiras conversas para o escritório brasileiro começaram em junho do ano passado, quando Medeiros e Kassu estavam cursando um módulo na Berlim School of Creative Leadership e conheceram Chuck Porter, chairman da Crispin e um dos fundadores da agência. “Eu o ouvi dizer que era inevitável abrir no Brasil, que havia crescimento de clientes pedindo a presença da CP+B no país, mas que não havia equipe”, relata Medeiros. “Eu propus que Kassu e eu fôssemos sua liderança criativa aqui. Entreguei nosso portfólio, conversamos e ele nos convidou para visitar a sede da agência em Miami.” Reis entrou na operação após convite de Medeiros, que buscava uma pessoa de confiança para gerenciar o negócio. Os dois se conheceram em 2002 quando trabalharam na DM9DDB.

A operação brasileira será independente da rede da Crispin, mas haverá intercâmbio de ferramentas e de know how. Os três sócios irão fazer um tour pelos outros escritórios no próximo mês e têm recebido apoio do MDC. No próximo dia 17, Porter visitará o Brasil e suas visitas serão frequentes. “Ele terá atuação efetiva na agência. Há dez anos ele queria estar aqui”, diz Medeiros. “Ele sente que está recomeçando”.

Questionado sobre sua saída da AlmapBBDO, uma das agências mais aclamadas do país, o criativo diz que a decisão “não é fácil”, em especial pelas figuras dos fundadores Marcello Serpa e José Luiz Madeira, mas ressalta que era o momento de empreender. “Eles são de uma geração que fez história. Sentimos que estamos aptos a dar o passo que eles deram quando deixaram a DM9 há 20 anos para apostar em algo em que acreditavam”.

Histórico

A Crispin Porter + Bogusky, fundada em 1988, em Miami, foi considerada a agência mais disputada nos Estados Unidos nos anos 2000. Em 2009, ela foi eleita a “Agência da Década” pelo AdAge e já recebeu o título de “Agência do Ano” 13 vezes pela imprensa especializada no mercado norte-americano. A companhia é a única que já conquistou duas vezes o Grand Prix de Titanium no Cannes Lions. Nos últimos quatro anos, contudo, a companhia sofreu grandes perdas.

Em 2009, a Volkswagen trocou a Crispin pela rede DDB depois de quatro anos na casa. Dois anos depois, o Burger King encerrou seu relacionamento de sete anos com a CP+B e, em 2012, a American Express selecionou a Wieden+Kennedy após cinco anos na carteira da Crispin. No mês passado, a Microsoft, um de seus grandes clientes, anunciou que irá revisar todos os seus fornecedores de publicidade. A companhia busca uma única holding para atender sua conta. Após o anúncio, a Crispin cortou 10% de seu quadro de funcionários nos EUA. A companhia emprega cerca de 750 profissionais em seus seis escritórios.