A temporada londrina de Washington Olivetto, que começou a ser planejada há cerca de 15 meses, teve como motivo principal a educação dos filhos, Theo e Antônia, mas também contempla trabalho. Como já vinha fazendo nesse período iniciado em outubro de 2016, Olivetto dá expediente como consultor criativo na McCann de Londres a convite de Pablo Walker, diretor da agência da holding Interpublic para o mercado europeu. Dividia seu tempo com as funções de chairman da WMcCann, cargo que deixou e agora está sob a responsabilidade de Hugo Rodrigues. 

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Com mais tempo livre na agenda, afinal o expediente na agência se encerra impreterivelmente às 17h, Olivetto resolveu escrever uma autobiografia. Ele não quer falar muito sobre o conteúdo, mas Direto de Washington já está pronto, faltando apenas um copidesque final e cortes.

“O trabalho é empolgante e estou lidando com clientes locais e globais. Um dos que estão me dando prazer é o Fernet Branca, cliente da Itália, uma bebida que gosto muito. Também tenho feito alguma coisa para Mastercard. A Coca-Cola, que é global, tem muitos sotaques locais em países como a Romênia. Algo que me chamou a atenção, é que as agências europeias usam muitos freelancers na execução de campanhas, inclusive brasileiros. O livro é um resgate da minha experiência profissional e de vida”, resume Olivetto.

O livro, que terá capa do fotógrafo Sebastião Salgado, começou a ser definido quando começou a rotina em Londres. O convite partiu do editor Marcos Pereira, da Sextante, que vai editar o compêndio através da marca Estação Brasil. Os momentos contraditários da sua carreira, como a perda de contas, vão estar relatados na obra que será lançada no próximo mês de abril, em São Paulo. “Gente infalível é muito chata. Procurei ser verdadeiro porque a vida é assim”, resume Olivetto. Ele acrescenta: “Sou um adequador de linguagem e isso exige muita observação dos cenários culturais e de comportamento”.

A saída da WMcCann também vai estar em Direto de Washington. Ele chegou à agência há sete anos, após tornar a W/Brasil em referência da publicidade brasileira. O W vai permanecer na identidade de marca e isso, em sua avaliação, mantém o legado que construiu como publicitário desde os tempos na DPZ (hoje DPZ&T), em que trabalhou por 13 anos e criou campanhas para Bombril e Sadia, por exemplo, em parceria com Francesc Petit.

Olivetto promete contar os bastidores das campanhas, como a icônica O primeiro sutiã a gente nunca esquece, para a Valisere. Seu primeiro Leão, de bronze, em Cannes, em 1971, quando era redator da Lince Propaganda, para a Deca, também é lembrado na autobiografia. Já na DPZ, com o comercial Homem com mais de 40 anos, para o Conselho Nacional de Propaganda, ganhou seu primeiro Leão de ouro. São 50 Leões no festival, todos na área de filme, como gosta de ressaltar.
Direto de Washington vai trazer o olhar de Olivetto sobre si mesmo e sobre a publicidade. E, apesar de trazer um pouco do conteúdo de Na toca dos Leões, escrito por Fernando Morais, Olivetto destaca que esse livro era uma biografia da agência W/Brasil.