O francês David Laloum, presidente da Y&R, vem realizando uma série de mudanças na estrutura da agência, e acaba de promover os profissionais de atendimento Leonardo Balbi e Luiz Villano a diretores-gerais de atendimento. Nesta entrevista – veja os principais trechos a seguir -, ele conta o que se encontra na essência desse movimento. E diz ainda que prefere  viver uma crise no Brasil, pois no país, apesar de tudo, se mantém a energia para trabalhar e fazer negócios.

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Renovação

Estamos em um momento de renovação de algumas lideranças da agência, trazendo uma nova geração para junto da empresa. Isso começou com a chegada do nosso vice-presidente de criação, Rafael Pitanguy, um criativo da nova geração, no segundo semestre do ano passado. Nessa dinâmica promovemos dois caras que eram fiéis escudeiros – um conosco desde 2007 e o outro desde 2012 – a diretores-gerais de atendimento da agência. Isso está ligado a alguns aspectos, e um deles é a simplificação da nossa organização. Empresas mais contemporâneas têm contato mais direto com clientes de uma maneira geral, trabalhando muito a experiência do cliente como foco. No nosso caso, temos realizado esse trabalho de redesenho da agência em busca de uma estrutura mais horizontal, mais ágil e mais simples.

Empoderamento

Com as novas gerações estou fazendo um trabalho de empoderamento das pessoas, sempre fortalecendo a dimensão consultiva da agência. As pessoas são, além de líderes de atendimento, os “brandleaders”, responsáveis pela visão estratégica da agência perante os clientes. Esse é o trabalho que estou fazendo com o (Leonardo) Balbi e o (Luiz) Villano.

Processos

O movimento está muito ligado a uma redefinição de processos. O jeito de trabalhar nas organizações dos nossos clientes também está em transformação permanente. No nosso caso, culturalmente, sempre trabalhamos com clientes de varejo – como Casas Bahia e Via Varejo – então, sempre fomos muito ágeis. Quando se produz dois mil filmes de câmera aberta por ano precisa ter agilidade e ser fluido nos processos. Mas, apesar disso, acredito na busca permanente de fluidificação e redução de “fricção” nos processos. Estamos todos nessa busca.

Fusões

Temos buscado a evolução e integração dos departamentos para trazer fluidez e agilidade. Não faz sentido ter dois ou três departamentos diferentes trabalhando com os mesmos insumos de data, por exemplo. O que fizemos foi unir três departamentos – mídia, planejamento estratégico e inteligência de mercado – em um grande departamento estratégico para a agência, organizado em grupos que atendem os clientes. Há cerca de dois meses também integramos as áreas digital e offline da agência, que não fazem mais sentido ser separadas, e organizamos os profissionais por grupos de clientes. Por sinal, temos crescido de maneira bastante relevante no digital. No ano passado, conquistamos três contas digitais: Danone, Bonafont e LG, além da estratégia digital do Grupo Petrópolis, que são todas as marcas – em especial Itaipava, Crystal e TNT.

Relevância

Onde as agências podem fazer a diferença é no aspecto estratégico, contribuindo para o marketing e o negócio do cliente. E no aspecto criativo, construindo valor para as marcas – desenvolvendo vínculos, experiências e serviços para o consumidor. Há uma capacidade natural de atualização permanente da agência, de ser um agente provocador, um ar fresco, um organismo vivo e alerta para capturar o momento, a essência do mercado.

Oportunidade

O momento é de oportunidade para repensar. Quando tudo era mais fácil, acredito que fazíamos menos perguntas. Hoje estamos ficando mais inteligentes e competitivos porque precisamos endereçar questões que não eram tão necessárias anteriormente, quando tudo caminhava naturalmente. É desafiador e interessante.

Paciência

Vou usar o que o Marcos Quintela, presidente do grupo, usou há duas semanas: precisamos ter calma e paciência. Não falarei em otimismo, mas de calma, paciência e foco. Temos de fazer nosso dever de casa, pensar na nossa proposta de valor para nossos clientes. Tenho uma visão positiva do país e acredito em retomada progressiva, relativamente lenta, nos próximos dois ou três anos.