Pelas lentes do sueco Jorgen Leth, no filme 66 Scenes from America, de 1982, o artista Andy Warhol aparece em um cenário simples, comendo sem pressa ou cerimônia um hambúrguer. Na sala contendo apenas uma mesa, o lanche é desembalado pelo artista, que tem à mão um vidro de Ketchup Heinz, mas o que mais chama a atenção do público é a marca contida na embalagem do sanduíche: um Whopper do Burger King.

Passados 37 anos,  a cena foi resgatada pela rede de fast food para marcar seu retorno ao Super Bowl, no último domingo (3). O restaurante não anunciava no Big Game desde 2007, e escolheu Andy como tradução do que a marca propõe aos consumidores: a democratização do acesso, assim como o artista contribuiu para popularizar a arte, como explica Marcelo Páscoa, responsável pelo marketing global do Burger King.

“Quando a David de Miami apresentou esta ideia, tivemos certeza de que estávamos diante de uma oportunidade única de executar uma campanha que elevaria a natureza icônica do Whopper, inserindo a marca Burger King de maneira relevante na cultura pop. E, para que a ideia acontecesse da forma mais poderosa possível, concluímos que o meio ideal seria o Super Bowl. Ou seja, o evento foi uma consequência da ideia – e não o contrário”.

Democratização da arte

Marcado por grandes produções dirigidas, inclusive, por nomes famosos do cinema, como Ridley Scott, com o filme The Journey, para Turkish Airlines, o Super Bowl levou à sua audiência um conteúdo completamente peculiar com os 45 segundos da campanha de Burger King. E era justamente essa a proposta.  

Ao apresentar uma obra de arte quase silenciosa e sem grandes produções, o objetivo da marca também foi trazer o Warhol para geração que está familiarizada com sua arte, mas não necessariamente com o artista. Segundo Páscoa, a ideia foi a de colocar o maior artista de Pop Art da história no maior evento de cultura pop do mundo.

“O Super Bowl é um evento global. O jogo (e as campanhas veiculadas durante o jogo) tornou-se um marco do calendário da cultura pop em todo mundo e é relevante para todos, mesmo para as pessoas que não acompanham o futebol americano durante o resto do ano. A campanha foi pensada, desde o início, como uma ativação global da marca, com o potencial de engajar pessoas de todas as nacionalidades, incluindo, claro, mas não se limitando aos fãs da NFL”.

Com a hashtag #EatLikeAndy, a rede de fast food convidou seus consumidores a comerem seu sanduiche da forma que desejarem. E também a conhecerem um pouco mais sobre o criador de peças clássicas, entre elas, a famosa série de latas das sopas Campbell.

E como é tradição no Super Bowl que os anunciantes divulguem teasers de suas peças antes que sejam veiculadas, o Burger King deu algumas pistas do que sua audiência veria no Big Game. Em parceria com o serviço de delivery Door Dash, a rede de fast food distribuiu caixas misteriosas para seus consumidores. O objetivo é que elas só descobrissem seu conteúdo no domingo, durante o Super Bowl. O assunto movimentou as redes sociais.

“A propaganda faz parte do show. É curioso porque tem gente que faz até propaganda da propaganda. As marcas têm estratégia de divulgar apenas um teaser ou até mesmo o filme inteiro. Mas como a gente é Burger King, isso precisava ser diferente. Conseguimos engajar o público antes de o comercial ir ao ar. Não foi simplesmente um teaser ou a campanha antecipada”, falou ao PROPMARK Fernando Machado, CMO global do Burger King.