O ano de 2017 foi um desses que ninguém vai esquecer. Mas não há lamentos. Aliás, essa é uma das características mais salutares da indústria da comunicação: há muito pouco mimimi a respeito de crises, especialmente porque é nelas, e possivelmente no auge delas, que a comunicação costuma mostrar o seu valor, e marcas e empresas conseguem realizar viradas importantes.

A crise – palavra que dificilmente entra na rotina dos assuntos – serve, mesmo, é de combustível para manter a engrenagem funcionando. “Não tivemos tempo nem vontade de nos lamentar. Nossa preocupação era resolver os problemas e seguir em frente”, diz Luiz Sanches, sócio e diretor-geral de criação da AlmapBBDO, que afirma que a equipe chegou ao fim do ano cansada, mas realizada, depois de trabalhar muito, inclusive para novos clientes, como iFood, a área digital de Mars (M&M, Snickers, Whiskas e Pedigree) e outros que “renovaram votos”, como Volkswagen.

Divulgação

Fugindo dos clichês de “um ano de muito trabalho”, João Livi, CEO da Talent Marcel, afirma que foi um ano de lidar com assuntos de maior complexidade, em que a agência foi mais desafiada a “resolver negócios”.

“O governo, as autoridades monetárias, os prestadores e demandadores de serviços: todos pressionados, precisando entregar números, precisando cortar custos e, claro, ter sucesso. Foi um ano particularmente difícil, em que felizmente chegamos onde precisávamos chegar, mas que não vai deixar saudades”, observa Livi, que comemora a consolidação de novos processos de trabalho, integração de áreas, e a certeza de que daqui para frente virão mais mudanças. “Mudamos e já é hora de começar a mudar de novo, para nunca deixar ninguém muito confortável ou criar um tipo de ‘é assim que nós fazemos’”. 

Divulgação

Em 2017 as agências essencialmente incorporaram a mudança como um estado permanente. Luiz Fernando Musa, presidente do grupo Ogilvy, afirma que o ano foi longo, mas rendeu trabalhos relevantes aos clientes, sendo assim já valeu. Ele gosta de lembrar da frase de David Ogilvy: “O que você mostra é mais importante do que o que você diz”.

“O desafio é comum a todos – errar e acertar na velocidade das mudanças que todos os negócios estão passando hoje, com toda inovação da tecnologia, e entender o impacto disso também nas pessoas e em nós mesmos. Costumo dizer que tudo que deu certo que fizemos até aqui e nos colocou onde estamos é o que provavelmente nos matará amanhã. Estamos todos fora da zona de conforto. E adivinha o quê? Este é o novo modelo”, diz Musa, que no início deste ano assumiu a presidência do Grupo Ogilvy Brasil.

 

Realizações
Apesar de difícil, para muitas agências foi um ano positivo e de crescimento. Agência do ano no El Ojo de Iberoamerica, a Africa comemorou diversos prêmios importantes e Marcio Santoro, copresidente da agência, afirma que colocou mais de 150 campanhas no ar desde janeiro. A agência lançou também o Pulse e o Africa Beat, áreas de business inteligence externa e interna. “Foi um ano desafiador, de muito trabalho, de entrega, de conquistas. Mas este foi o melhor ano da nossa história”, comemora Santoro.

2017 também foi bom para a Z+, que saltou 15 posições no ranking do Ibope e chegou à oitava, após a conquista de várias contas, como Fox Net- works, MoneyGram, Reebok, MSC Cruzeiros e Universidade Veiga de Almeida (UVA), além do fortalecimento junto a vários clientes. “Outro destaque foi a integração da Havas Media à Vivendi, o que significa a multiplicação de possibilidades da agência, tanto em expertise quanto em parcerias com outras empresas do grupo”, destaca Douglas Patrício, CEO das empresas Z+ no Brasil.

Cuidando da gestão
2017 também foi um ano para cuidar da gestão e reinventar modelos, com foco na sustentabilidade do negócio. A Publicis, por exemplo, contratou duas consultorias: a Falconi, para aprimorar processos e entrega, e a Crescimentum, para desenvolver o time. A dupla de copresidentes, Miriam Shirley e Eduardo Lorenzi, também renovou o board que lhes dá suporte na condução da agência. “O principal desafio das agências é entregar os melhores resultados aos clientes, conciliando inovação com eficiência”, declara Miriam. 

Divulgação

Vale destacar que a agência se posicionou no Top 3 das maiores agências no ranking do Ibope, e passou a atender a conta institucional do Bradesco e a C&C, e ampliou a sua presença na P&G.
Já a Leo Burnett Tailor Made iniciou este ano os trabalhos para Extra, Bradesco, Bayer (saúde animal) e Fiat (conta digital). O time foi ampliado, enquanto a própria agência renovou sua gestão, oficializando Marcelo Reis e Marcio Toscani como co-CEOs e, respectivamente, CCO e COO.

As emoções continuaram até o último mês do ano, quando foi anunciado o processo de absorver a operação da Neogama no primeiro trimestre do próximo ano. “Além de mudanças operacionais, a crise econômica enfrentada pelo país, que impactou o cenário da propaganda como um todo, certamente foi um grande desafio em 2017”, conclui Toscani.

Divulgação

A Artplan comemorou 50 anos e não teve um ano fácil, mas também voltou os seus olhos para a gestão e se reposicionou como hub de soluções de comunicação. Lançou no grupo novidades como a Pullse, focada em varejo, e a Key, uma célula de negócios focada em diagnósticos e soluções prototipadas.

“Como todo o mercado, estamos sentindo a crise, mas ao mesmo tempo estamos investindo muito em gestão dentro de casa e em novos negócios”, disse Rodolfo Medina, que comemora o aumento da base de clientes: entraram na agência contas como Nestlé, Danone, Maybelline, Garnier (L’Oréal) e Secom. E a área online do Grupo CRM, Beach Park, Etna e Estácio.

Hugo Rodrigues, que quase no apagar das luzes de 2017 assumiu a presidência da WMcCann, afirma que o principal desafio da agência foi ter vencido 2016, que foi, este sim, o melhor ano da história da agência, e ainda ter conquistado clientes como Grupo Algar, Ri Happy, Sodimac, Del Valle, e ampliado a presença nos clientes General Mills e Nestlé.

Leia mais

“Mídia out of home virou a menina dos olhos do mercado”

BV e concorrência geram debates que marcam atuação de produtoras