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De 2013 a 2017, aumentou de 15% para 17% a participação feminina nas empresas automotivas. Esta é uma das conclusões da pesquisa Presença Feminina no Setor Automotivo, levantamento do Automotive Business em parceria com a MHD Consultoria em 2017 e apresentado no 1º Fórum Presença Feminina no Setor Automotivo, em fevereiro.

A participação da mulher também cresceu na liderança das empresas entrevistadas, com aumento de 52,7% no número de colaboradoras em cargos de diretoria entre 2013 e 2017. Mas o número absoluto ainda é pequeno. São 84 mulheres diretoras e, em posições de vice-presidência e presidência, segue com 17 mulheres. O relatório final será divulgado no fim de março.

Paula Braga, diretora de Automotive Business e líder do projeto, explica que foram questionadas as empresas associadas ao Sindipecas (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). O objetivo é gerar conhecimento sobre a participação da mulher no setor automotivo e ter informação para discutir e fomentar a diversidade. “Queremos mapear mais a fundo, mas percebemos que as montadoras já estão se mexendo”, comenta.

A pesquisa também mostrou que velhos e conhecidos problemas ainda precisam ser corrigidos. Apesar de mais escolarizada, a mulher ganha menos. Das empresas participantes, 37% das mulheres têm ensino superior e 8% especialização, enquanto entre os homens, os números são 23% e 6%, respectivamente. E há diferença salarial desde o início da carreira, chegando a até 33,8% na vice-presidência e na presidência. A desvantagem supera a apontada em 2016 pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), que indicou que as mulheres ganham 16% a menos do que os homens globalmente.

Em contrapartida, o estudo verificou que 86% das empresas participantes afirmam ter alguma iniciativa para equilibrar tudo. As principais citações foram de programas de inclusão e não discriminação de diversidades; jornada flexível de trabalho; capacitação de gestores e colaboradores para igualdade de oportunidades e respeito a diversidades; e benefícios, creches ou outros apoios à primeira infância.

Uma das iniciativas é o Women@Renault, coordenado no Brasil por Vanessa Colturato, gerente de projetos industriais na Renault do Brasil. O projeto nasceu em 2010 e tem um plano de recursos humanos com gestão dos talentos e a implementação de uma rede social interna à empresa que já conta com mais de 4.500 integrantes no mundo e redes em 12 países.

Um comitê com homens e mulheres de cada setor acompanha indicadores como evolução do percentual de mulheres em cada nível hierárquico, objetivos anuais para a contratação de mulheres por área E taxa de conversão de estagiárias e gestoras. De 2012 a 2015, aumentou 30% o número de colaboradoras na Renault; nos cargos de chefia, 50%, de 2010 a 2015.

A Ford também está atenta ao desafio, com o PWN (Professional Women Network), um comitê liderado por mulheres com participação de homens e o objetivo de entender as peculiaridades da vida feminina e tornar o ambiente melhor. Claudia Reichel, diretora de importação e exportação da Ford Brasil, participa do PWN, que tem quatro áreas: comunicação (liderado por ela), desenvolvimento profissional, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e networking. As reuniões de acompanhamento são mensais. Entre as atividades há palestras com relatos e ideias de mulheres de vários segmentos. “Não é só ter o mesmo número de mulheres na liderança, mas a certeza de que estamos preparando as mulheres para terem condições de crescer. Nosso objetivo é ser inclusivo”, conta.

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