“O futuro da dor de cabeça” é um estudo encomendada pela marca de analgésico Neosaldina e conduzida pela WGSN Mindset, divisão de consultoria WGSN, e foi apresentado nesta quarta-feira (11) durante um evento em São Paulo, com a presença de especialistas, e apontou as cinco tendências da dor de cabeça no futuro:  ansiedade,  esgotamento cerebral,  dor da pós-verdade,  autoexigência e  barulho.  O estudo foi realizado em março deste ano, com base em comportamentos da população e o resultado mostra que a maioria dos provocadores da dor de cabeça estão relacionados a questões externas já conhecidas, como estresse e falta de sono, bem como fatores emocionais e, claro, a crescente influência da tecnologia na rotina.

Roberto Vazquez

A era da ansiedade

No Brasil, a Organização Mundial de Saúde estima que 9,3% da população sofra de ansiedade, o que coloca o país em primeiro lugar na lista dos que apresentam a patologia no mundo e a condição como preocupação social e de saúde pública.

 “O transtorno de ansiedade é marcado por sintomas como a dificuldade de concentração, problemas no sono, preocupação excessiva e uso da alimentação como válvula de escape. Também pode causar dores sem justificativa física, como a própria dor de cabeça”, explicou a psicóloga Juliane Peres Mercante, especialista em cefaleias e doutora pelo departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP.

Já o esgotamento cerebral é favorecido pelo mundo conectado, em que o virtual é o real, e manter o foco se transforma no maior desafio. A cultura vigente é a da distração, em que se tenta prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, mas sem conseguir se concentrar em coisa alguma.

“A sobrecarga de informações, principalmente com o aumento do consumo de conteúdo digital, pode ocasionar um esgotamento do cérebro e o aumento do estresse. Ambas as situações podem desencadear a dor de cabeça”, reforçou a dra.

 Achamada “dor da pós-verdade”, outra tendência apontada pela pesquisa, é na prática a ansiedade que vem do tratamento dos fatos como opiniões, descartando o que não agrada e apelando excessivamente para a emoção e crenças pessoais.    A busca incessante pelo que é ´real´ criou novos momentos de estresse e tensão, contribuindo para a dor de cabeça.

Outro vetor de dor: a autoexigência e a busca pelo perfeccionismo, que contribuem para o aumento da ansiedade na população, segundo estudo feito pela University of Bath e pela York St John University3. Em paralelo, as pessoas passaram a associar o excesso de atividades e a produtividade ao sucesso pessoal e profissional, levando a uma cultura do “perfeito”.

“A autoexigência tem relação direta com a alimentação e no fluxo de ‘preciso ser bom em tudo’, o conceito do se alimentar bem é constantemente confundido. Comer saudável contempla consumir o que gostamos e de forma equilibrada. Na falta de algum nutriente, em dietas restritivas ou com o mau funcionamento do intestino e na presença de problemas digestivos, o corpo pode reagir e desencadear uma dor de cabeça”, alertou a nutricionista Marcia Daskal.

E por fim, o barulho segue como fator de angústia e estress, e tem causado mais do que apenas irritação: resultados da Organização Mundial da Saúde mostram que 3% dos ataques cardíacos e derrames cardíacos fatais na Europa são causados pelo ruído do trânsito. Além de prejudicar a audição, o barulho em excesso pode ocasionar distúrbios de sono, estresse e problemas psicológicos – algumas das principais condições para o surgimento da dor. 

Julia Curan, Consultora da WGSN Mindset, diz que a pesquisa alerta para  tendências que já são uma realidade e a previsão é que elas só se intensifiquem nos próximos anos. Abner Lobão, Diretor de Assuntos Científicos Brasil e LATAM da Takeda, acredita que investir na inovação e em dados e estudos ajuda a melhorar o dia a dia das pessoas e é, também, uma forma de prevenção da dor.