Há um novo player disputando as atenções das pessoas no segmento de mobilidade urbana em algumas cidades brasileiras: a Cabify, que tem o Brasil como sua nova menina dos olhos. A empresa espanhola especializada em transporte de passageiros nasceu em 2011 e já está presente em mais de dez países. Em 2012, chegou ao México, Chile e Peru. No ano passado, à Colômbia e ao Brasil, onde já opera em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

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À frente da operação brasileira está o jovem empreendedor peruano Daniel Velazco-Bedoya, de 26 anos, que afirma que este ano a Cabify espera alcançar mais dez cidades brasileiras, todas com mais de 1 milhão de habitantes. São Paulo já está entre as quatro principais operações da Cabify no mundo.

A última rodada de investimentos que pemitirá a consolidação da Cabify na América Latina, da ordem de US$ 120 milhões, veio do poderoso grupo japonês Rakuten.

Segundo Bedoya, o foco da Cabify é na qualidade, com a mais rigorosa seleção de motoristas parceiros do mercado, preços fixos e valores calculados com base na menor distância percorrida (ainda que o motorista mude a rota por algum motivo no meio do caminho).

O que torna a América Latina uma região tão interessante para esse negócio é a escassez de um modelo estruturado de transporte público – ao contrário dos Estados Unidos e a Europa, por exemplo. Por outro lado, a região vive questões como o histórico protecionismo pelo poder público à categoria dos taxistas tradicionais, que vêm travando uma briga de foice contra os novos serviços de motoristas particulares. A Cabify chega por aqui procurando dialogar com as prefeituras das cidades e estabelecer parcerias, na medida do possível.

“Sempre trabalhamos próximo a governos. Não temos um modelo de implementação de empresa. Em Buenos Aires, onde chegamos há cerca de dois meses, fomos habilitados pelo governo. Discutimos com eles durante alguns meses um modelo que fizesse sentido para a operação da cidade e para nós como empresa”, conta Bedoya.

O executivo chama a atenção para uma mudança clara: globalmente o mercado de táxis é um dos últimos protegidos pelo poder público, em vários níveis. Bedoya, que é agrônomo, lembra de quando o governo Collor acabou com o protecionismo ao segmento de produção de leite e transformou completamente o cenário.

“O leite foi tabelado durante décadas, o que resultou em um produto de qualidade baixíssima e pouco estímulo ao negócio como um todo. Os taxistas são protegidos desde 1969 no Brasil, foi uma briga da classe, que se tornou forte. Analisei a área e o modelo de táxi, hoje, tem um retorno de cerca de duas a duas vezes e meia em relação ao que investe. Que modelo de negócio tem esse tipo de retorno num curto espaço de tempo? Não existe. Quando entra o nosso modelo – e eu particularmente não apoio a precificação tão baixa que foi instituída até agora – que é mais justo pelo nível de investimento e o retorno que pode ter, quebro o modelo existente e gera o transtorno que está aí”, diz Bedoya.

O momento é favorável para empresas como a Cabify, que têm a tecnologia como aliada e se valem da inteligência de dados e do conhecimento que possuem principalmente para firmar as parcerias com o poder público. Também há uma gama bastante precária de possibilidades em mobilidade. No México, por exemplo, 60% das pessoas não tinham o hábito de andar de táxi – e um dos motivos, sempre, foi a falta de segurança. Por isso, hoje o México se transformou em um dos principais mercados para a empresa. E o Brasil segue pelo mesmo caminho.

Por aqui a Cabify está com cerca de 60 mil motoristas dentro da plataforma e na fila de entrada. O marketing é liderado por um time global baseado no Peru e é ainda feito, principalmente, internamente. A comunicação, forte nas redes sociais, foca na experiência das viagens, em qualidade e segurança e quer a fidelização das pessoas. Clientes frequentes têm prioridade.