Facebook e Google são considerados como um duopólio dominante da publicidade digital no mundo. Mas esse jogo pode ganhar um terceiro player tão poderoso quanto nos próximos anos. A Amazon sinaliza planos para investir mais fortemente em sua plataforma de publicidade, segundo informou a Bloomberg nesta quinta-feira (18). 

Por muito tempo, a estratégia de negócios da empresa liderada por Jeff Bezos tem sido trabalhar  com lucro mínimo em troca de crescimento exponencial de sua operação.  Assim, com investimentos e mais investimentos, conseguiu estabelecer uma teia logística sem igual para o universo do e-commerce. Há alguns anos, a Amazon investiu pesado em seu seviço de serviços de cloud business, que se revelou muito lucrativo, revertendo perdas no segmento de e-commerce. Entretanto, como lembra a Bloomberg, a margem de lucro da empresa tem ficado em torno de apenas 1% pelos últimos cinco anos.

A publicidade surgiria como opção para ampliar esse número, já que estabelecer uma plataforma digital desse tipo não demandaria muito investimento, por exemplo, em data centers, que já existem. E permitiria à empresa ganhar dinheiro tirando proveito do número absurdo de pessoas que consegue atrair às suas plataformas de e-commerce – estimado em 180 milhões, apenas nos Estados Unidos.

Uma das razões para não investir em publicidade no seu site era de afastar o consumidor, que busca a Amazon para as compras por causa do preço, da experiência digital e dos reviews de outras pessoas. Lentamente, no entanto, a empresa passou a dar mais espaço para produtos patrocinados em seus resultados de busca. Além disso, a Amazon estaria pensando em oferecer mais anúncios em display. Ela quer se posicionar como uma marca de mídia especializada em influenciar decisões de compras.

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Primeira empresa de US$ 1 trilhão

O potencial do negócio de publicidade é imenso: segundo projeção da eMarketer divulgada em setembro do ano passado, o faturamento da Amazon com publicidade deveria chegar a “apenas” US$ 1,7 bilhão em 2017. Por outro lado, seu concorrente digital Google iria a US$ 35 bilhões, contra US$ 17,4 bilhões do Facebook.

Adicionalmente, anunciantes de grande porte já enxergam a Amazon como uma grande “prateleira digital”. Assim, da mesma forma que lutam por espaço nas gôndolas das lojas físicas, empresas como P&G, Unilever, PepsiCo e Mondelez já sabem a importância de ter um bom lugar na “gôndola digital”. Segundo o site Digiday, a empresa está nas mentes de qualquer grande anunciante hoje. Assim, embora o Amazon Media Group, braço de publicidade da empresa, esteja bem atrás dos concorrentes hoje, a previsão da consultoria L2, ouvida pelo Digiday, é que essa operação cresça 40% em 2018, contra crescimentos publicitários de 25% do Facebook, e 15% do Google.

O mercado financeiro, pelo menos, já tem certeza que a publicidade vai vingar e ampliará as margens de lucro da empresa. Tanto que o JP Morgan previu, nesta quinta-feira (18) que, em breve,  a empresa atinja o estratosférico valor de mercado de US$ 1 trilhão. Seria a primeira empresa da história a atingir o feito.

O impacto no mercado de agências passa por decisões como a do grupo Omnicom, dono das redes BBDO, DDB e TBWA, de criar uma equipe especializada em investimentos publicitários no ambiente de e-commerce. O modelo, aparentemente, tende a se espalhar entre as outras empresas do setor, que precisarão estar preparadas para oferecer as melhores soluções publicitárias dentro do ecossistema Amazon.