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Alguém com conhecimento pífio em mídias sociais e um “budget” de R$ 12 tem alguma chance na internet? Veronica Oliveira, criadora do Faxina Boa, provou que sim. A profissional palestrou durante o Festival da Transformação – FT18, evento promovido pela ADVB/RS que acontece neste fim de semana na ESPM Sul, em Porto Alegre.

Se hoje a faxineira estrela campanhas para Bradesco e Facebook, é preciso voltar no tempo para entender como Veronica chegou até aqui.

Antes de enveredar para o mundo da faxina, ela era operadora de telemarketing. “A empresa em que eu trabalhava faliu. Deixei de ter todas as coisas que o salário proporcionava”, explica. Ela mudou para um emprego que pagava um salário mínimo e descobriu que a verba era muito pequena. “Eu tinha três pessoas para sustentar”, conta.

A pressão culminou numa tentativa de suicídio. Como tratamento, Veronica ficou 30 dias num hospital psiquiátrico. “Isso mudou minha vida”. Ela explica que o episódio foi transformador e incutiu uma ideia em sua cabeça: precisava mudar de vida. “Só não sabia como”, confessa.

Certo dia, ela foi à casa de uma amiga e viu o local bagunçado. Resolveu fazer uma faxina despretensiosa. A colega perguntou se poderia pagar pelo serviço. Veio o estalo e Veronica entendeu que se fizesse faxinas com certa frequência teria uma renda incrivelmente maior que a do telemarketing.

Decidida, ela precisava divulgar o serviço. “Quando eu vi que as pessoas anunciavam o trabalho de faxina de um jeito muito depreciativo, isso me preocupou”, confessa. Mas Veronica não desanimou e decidiu: iria mostrar que gostava do que fazia, desmistificando a ideia de que faxina é só para desesperados sem outra alternativa de emprego. Surgiu a ideia dos posts e os primeiros foram feitos no Paint:

 

A ideia começava a alcançar pessoas. Com o sucesso de Stranger Things, Veronica também fez sua versão. Um post que custou R$ 12. “O preço do waffle e do sangue falso”.

 

Os posts são apenas um componente da comunicação da faxineira. Os textos de suas postagens, muitas vezes, roubam a cena. Curiosidades do universo da faxina que poucos tinham pensado (ou evitavam fazê-lo). “A partir do momento que eu conto essas histórias, as pessoas vão refletindo”, explica. “Quando você está na internet, você tem um potencial enorme pra explorar. Você acha que eu sabia o que era o bendito do funil do inbound marketing?”, complementa em meio a risos.

De repente, o Faxina Boa tinha virado uma marca poderosa. Tanto que faz um ano e sete meses que ela não faz mais propaganda do serviço: as pessoas fazem por ela.

A faxina não parou. Ela continua limpando casas, cuidando dos filhos e ainda arruma tempo para estudar marketing. Sem contar no projeto futuro do Faxina Boa. Veronica quer transformar a marca numa plataforma que ajuda profissionais do setor.

“A minha ideia é criar uma plataforma onde eu possa unir outras meninas que precisem de trabalho com outros clientes em potencial, mas não só isso. Quero fazer com que elas estudem e se preparem”, explica. No Brasil, não há especialização para ser faxineira. Isso acarreta em acidentes graves (a própria Veronica misturou produtos de limpeza equivocadamente e acabou no hospital com queimaduras internas).

O problema é conseguir investidores para o negócio, já que o Faxina Boa ficaria apenas com 30% do lucro sobre o serviço. O restante vai para a faxineira contratada

Mas não duvide, pois, se há dois anos ela não sabia muito bem se as faxinas dariam certo, hoje ela conta sua história de sucesso Brasil afora.