O cerco está se fechando para anunciantes e publishers mal intencionados que tentam obter indevidamente vantagens de usuários na internet. Nesta quarta-feira (14), o Google divulgou seu relatório anual sobre os esforços realizados em 2017 para combater práticas fraudulentas em suas plataformas de publicidade. Como resultado, 3,2 bilhões de anúncios foram retirados, boa parte antes mesmo de serem publicados.

“A internet é uma plataforma livre e a propaganda tem um papel importante de viabilizar essa ferramenta. Anunciantes, publishers e usuários precisam estar em um ambiente protegido”, falou ao PROPMARK, Roberto Gutierrez, diretor de políticas de segurança do Google para a América Latina.

O executivo explica que seu departamento tem basicamente três missões: definir os limites de uso na plataforma, criando políticas de como anunciar e publicar conteúdo como publisher; o monitoramento a respeito dessas diretrizes e por fim o trabalho de educação com o usuário para que ele se proteja de potenciais ameaças.

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Na lista dos abusos mais comuns por parte de anunciantes, destaque para os anúncios malware, que levam o usuário para uma página com software malicioso. Foram retirados quase 80 milhões de conteúdos desse tipo. O modelo “tabloid cloaking” também foi bastante popular. São anúncios que tentam enganar o sistema do Google, “fingindo” ser uma notícia ou se fazendo passar por sites noticiosos. Foram suspensas mais de sete mil contas do Google AdWords pela fraude, contra 1,4 mil em 2016.

Também muito comum, o formato “trick to click” engana o usuário, destinando a navegação para um endereço diferente do que dizia o texto da propaganda. Notícias sensacionalistas, por exemplo, são geralmente a isca para atrair cliques, mas são direcionadas para outro endereço. Foram bloqueados no ano passado 66 milhões de anúncios nesse modelo.

Fake news

Mas não são apenas os anunciantes que têm deveres e responsabilidades nessa equação. Em tempos onde a expressão “fake news” já impera entre as discussões diárias, a empresa de tecnologia diz estar comprometida com o debate e reforça o trabalho feito com sua rede de publishers. Não à toa, foram removidos no ano passado 320 mil publishers maliciosos da rede de anúncios e bloqueados quase 90 mil sites por condutas inadaquadas.

Gutierrez explica que apesar de o julgamento de valor sobre a notícia ser verdadeira ou falsa não fazer parte do trabalho da companhia, o Google tem criado políticas restritivas que dificultam a presença e proliferação das notícias falsas.

“Fake news implica que a gente julgue o mérito do conteúdo que o site publica. Essa é uma questão bastante importante e delicada. Mas a gente não tem essa função de precisar o julgamento do mérito do conteúdo. Temos políticas que ajudam a combater a prática. Muitos sites ganham notoriedade por se passar por outros sites de credibilidade. Nós coibimos isso. É uma política que não entra no mérito se a noticia é mentirosa, mas coíbe essa prática”.

O executivo cita outra política coibitiva como forma de tentar frear as fake news. É proibido, por exemplo, o “scraping”, ou seja, a mera cópia de conteúdo originado de fontes confiáveis, mas sem citar a fonte ou referências.  “Não é um conteúdo autoral, não dá os devidos creditos a fonte original e apenas reproduz conteúdo para monetizar. Não estimulamos essa prática. Essas combinações ajudam a discussão do fake news”, finaliza Gutierrez.

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