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A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) realizou o estudo comportamental “The State of the World’s Children 2017: Children in a digital world” que aponta os perigos à exposição dos conteúdos da internet às crianças. Pelo menos um em cada três usuários da rede mundial de computadores é do universo infantil. E, segundo a instituição ligada à ONU, “muito pouco é feito para protegê-las dos perigos do mundo digital e para aumentar seu acesso a conteúdos virtuais seguros”, como detalha o relatório anual de alerta divulgado nesta quarta-feira (20) em Nova York, nos Estados Unidos.

 O trabalho apresenta o primeiro olhar abrangente da Unicef sobre as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia digital está afetando a vida das crianças e as chances de vida, identificando perigos e oportunidades. O relatório argumenta que os governos e o setor privado não acompanharam o ritmo da mudança, expondo as crianças a novos riscos, prejudicando e deixando para trás milhões de jovens em situação mais desfavorável.

 “Para o melhor e o pior, a tecnologia digital é agora um fato irreversível de nossas vidas”, disse o diretor-executivo da Unoicef, Anthony Lake. “Em um mundo digital, nosso desafio duplo é como mitigar os danos, ao mesmo tempo em que maximizam os benefícios da internet para cada criança.  “A internet foi projetada para adultos, mas é cada vez mais usada por crianças e jovens – e a tecnologia digital afeta cada vez mais suas vidas e seus futuros. Assim, as políticas, práticas e produtos digitais devem refletir melhor as necessidades das crianças, as perspectivas das crianças e as vozes das crianças”, ele acrescenta.

O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças mais desfavorecidas, inclusive aquelas que crescem na pobreza ou são afetadas por emergências humanitárias. Isso inclui o aumento do acesso à informação, a construção de habilidades para o local de trabalho digital e dar-lhes uma plataforma para se conectar e comunicar seus pontos de vista.Mas o documento mostra que cerca de um terço da juventude mundial, equivalente a 346 milhões, não está online, o que reduz a capacidade das crianças de participar de uma economia cada vez mais digital.

 Mas a vulnerabilidade das crianças em riscos e danos, incluindo o uso indevido de suas informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o acúmulo de ciberbullying, preocupa a Unicef. A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso on-line de muitas crianças ser menos supervisionado – e potencialmente mais perigoso.

 E as redes digitais, como a Dark Web e as criptografias, estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e o abuso sexual infantil “feito sob encomenda”. A análise da Unicef apresenta dados e análises atuais sobre o uso on-line das crianças e o impacto da tecnologia digital sobre o bem-estar das crianças, explorando debates crescentes sobre o “vício” digital e o possível efeito do tempo de tela no desenvolvimento do cérebro.

 

Fatos adicionais do relatório incluem:

 • Os jovens são a faixa etária mais conectada. Em todo o mundo, 71% deles estão online em comparação com 48% da população total.

• A juventude africana é a menos conectada, com cerca de 3 de cada 5 jovens offline, em comparação com apenas 1 em cada 25 na Europa.

• Aproximadamente 56% de todos os sites estão em inglês e muitas crianças não conseguem encontrar conteúdo que eles entendam ou que seja culturalmente relevante.

• Mais de 9 em 10 URLs de abuso sexual infantil identificados globalmente são hospedados em cinco países – Canadá, França, Holanda, Federação Russa e Estados Unidos.

 

Recomendações: 

• Fornecer a todas as crianças fácil acesso a recursos on-line de alta qualidade;

• Proteger as crianças de danos on-line – incluindo abuso, exploração, tráfico, cyberbullying e exposição a materiais inadequados;

• Proteger a privacidade e identidades das crianças on-line;

• Ensinar alfabetização digital para manter as crianças informadas, envolvidas e seguras on-line;

• Aproveitar o poder do setor privado para promover padrões e práticas éticas que protejam e beneficiem crianças on-line;

• Colocar as crianças no centro da política digital.