Consumidor da Classe C ainda não consegue se identificar com mensagens das marcasApós ter sido apontado como o grupo decisivo para as empresas mirarem suas estratégias, uma pesquisa realizada pelo Data Popular revela um dado surpreendente: 46% dos consumidores da nova classe média brasileira não têm uma marca do coração. O estudo foi conduzido em 157 cidades com 22 mil pessoas durante o segundo trimestre do ano.

Um dos principais motivos para o resultado é a falta de estratégias focadas nesse grupo, acredita Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. “As empresas precisam entender que a classe C deixou de ser um nicho de mercado para se tornar o próprio mercado. Nossa pesquisa mostra claramente o abismo que ainda existe na comunicação das marcas com esse público. São 46% de consumidores sem uma marca preferida, ou seja, este consumidor ainda não conseguiu se identificar com a mensagem que vem enraizada com esses produtos. Ele não se reconhece ali”, afirma.

Também chama a atenção o índice de fidelidade do consumidor da classe C: 84% afirmam que são fiéis a suas marcas preferidas, aponta o estudo. Para Meirelles, o dado indica uma oportunidade para as empresas. “É evidente que essa fidelidade não está sendo aproveitada pelas empresas. É um grande mercado que está à deriva”, afirma.

Mesmo sem uma marca amada, os consumidores têm suas preferências. Foram levantadas as marcas mais lembradas em 17 categorias, como alimentos, carros, indústria, varejo e serviços, e elaborado um ranking das mais populares. A categoria de alimentos é a mais valorizada pelo grupo. Já as marcas de sapatos e roupas são menos consideradas.

A Nestlé é  líder entre as mais lembradas pela classe C. Na sequência, Samsung e, empatadas, Adidas e Nike, foram as mais citadas. Para os homens, Adidas aparece em primeiro e Nike, em segundo. Já as mulheres citaram Nestlé, O Boticário e Hering, nessa ordem. Quando perguntado aos jovens, o quadro muda e a Apple desponta em terceiro lugar, atrás de Samsung. Esse é o único grupo que cita a Apple.

Na categoria automóveis, a Fiat é a principal montadora, seguida por Volkswagen e por Chevrolet em terceiro. Entre as marcas de cartão de crédito, a Visa aparece com grande vantagem sobre as demais: metade dos pesquisados citaram a operadora, contra 24,1% dos que apontaram a MasterCard. Itaucard aparece em terceiro, com 4,4% das menções. A TAM também tem forte número de menções: 50% dos consumidores citaram a companhia aérea, contra 34,8% que apontaram Gol.

Um dado relevante da pesquisa refere-se ao boca a boca: 79% afirmam confiar mais na indicação de um amigo ou parente que na propaganda na TV. As categorias onde as recomendações mais importam são eletroeletrônicos e automóveis.

Os consumidores emergentes já representam mais da metade da população brasileira e estima-se que, em 2014, 58,3% dos brasileiros façam parte desse grupo, cujos gastos movimentaram R$ 1,03 trilhão em 2011. A evolução do poder de compra da nova classe C é notável ao longo dos anos: em 2001, havia 21 categorias de produtos no seu carrinho de compras. Hoje são 42, destaca o estudo.