O ambiente político e, como consequência, o econômico do nosso país não poderiam ser mais impactantes.

Todos os dias, nós somos assolados por dezenas de dossiês de políticos e empresários envoltos na investigação do maior escândalo de corrupção já ocorrido no nosso Brasil.

Não à toa, um dos políticos mais aclamados atualmente se apresenta como um gestor. E a sensação que dá é que o que mais precisamos é exatamente disso: mais gestão e menos confusão.

Sob o ponto de vista das agências de propaganda, além de sofrerem com o impacto financeiro decorrente desse momento complicado, há ainda uma demanda inadiável por um choque de gestão.

Em artigo anterior, expus uma reflexão que julgo importante repetir: em tempos de bonança, nos damos ao “luxo” de deixar para depois importantes medidas que poderiam garantir maior eficácia na gestão dos nossos negócios ou mesmo da nossa vida pessoal.

Historicamente, isso vem ocorrendo no universo das agências de propaganda. Sob pretexto de atuar numa indústria criativa, a agência, de uma maneira geral, negligenciou sua gestão.

Sistemas de gestão e de controles eram vistos como “engessadores” do processo criativo. Parecíamos viver num mundo à parte, cheio de glamour e de informalidade. A chegada dos grandes grupos internacionais e a crise econômica, porém, vêm forçando uma mudança de postura por parte das agências de propaganda. O processo das crises é darwiniano.

Entrarão em extinção aqueles que não souberem se adaptar a esses tempos que vieram para ficar. Sobreviverão e sairão mais fortes aqueles que souberem se adaptar aos tempos bicudos. E a adaptação, não importa o setor de atuação, está intrinsecamente atrelada, entre outras coisas, a uma atenção especial à gestão de negócios.

Não se perdoam mais desperdício de recursos, alocações inadequadas e o descontrole de receitas e despesas, de forma geral. Por mais que fique clara essa necessidade de um maior foco à gestão, ainda notamos um mercado resistente a essa questão. Em função de um evento organizado pela Fenapro e pelo Sinapro, volto ao assunto novamente.

A necessidade de se dedicar uma atenção especial à gestão da agência de propaganda é premente. E não só à gestão administrativa-financeira. Há ainda outras formas de gestão igualmente importantes.

As agências que já nasceram em ambiente digital, por força das características de seus Jobs, dão importância especial à Gestão de Projetos.

Ter controle eficiente de cada job ou campanha é fundamental, também, para as agências ditas “tradicionais”. E algumas delas já incorporaram processos de gestão de projetos no seu dia a dia.

Há ainda outra faceta de gestão que demandará atenção crescente por parte das agências. Refiro-me à Gestão de Conteúdo. Ou seja, à capacidade de ter total controle de todos os textos, imagens, vídeos e demais componentes de conteúdo desenvolvidos pelas agências para seus clientes.

Entenda controle por ter total gerenciamento das peças de conteúdo por tipo, por uso, por prazo de validade de licença de uso…

Nesses novos tempos, aumentou abruptamente a quantidade de peças de conteúdo geradas para cada cliente. As agências tendem a ganhar características de publishers e, como tal, precisam de um suporte para um bom CMS (Content Management System).

São novos termos que as agências devem incorporar ao seu glossário. Sob impacto dos últimos acontecimentos de ordem macropolítico-econômica, só resta às agências fortalecerem suas bases e voltarem-se para processos rigorosos de gestão.

Quando a tormenta passar – e ela vai passar – aquelas que cuidarem da própria casa estarão mais aptas a tornar seus negócios mais saudáveis e rentáveis.

Quem viver, verá!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)
alexis@fenapro.org.br