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Durante um evento de ativação da marca Kaiser para a sua campanha “A Volta do Futebol de Verdade”, na semana passada, os jornalistas presentes tiveram a oportunidade de falar com os protagonistas da ação da cerveja. Entre eles, o carismático ex-jogador e agora comentarista Marcos André Batista Santos, o Vampeta. Na rápida entrevista exclusiva abaixo, destaque para a história da gravação de uma propaganda que o pentacampeão mundial abandonou no meio.  

Qual foi a situação mais curiosa que você já viveu gravando uma propaganda?

Quando eu estava em atividade, certa vez fui fazer uma propaganda para uma empresa de móveis que patrocinava o Corinthians. E aí sai do treino e me disseram: ‘Vampeta, você vai ter que gravar para a televisão e vai apresentar uma sala, uma cozinha e um quarto’. E eu fui lá na loja, na Lapa, no meio do povão todo mesmo, para apresentar o sofá. E eu estava achando que era coisa rápida… Aí coloquei o uniforme do Corinthians e fui gravar. A gravação começou às duas da tarde e teve uma hora que perguntei sobre o término daquilo. Me disseram: ‘Ah, umas dez horas acaba’. E eu disse: ‘O que? Tudo isso?’.

E depois?

Daí comecei a gravar: ‘Compre tal sofá em tantas vezes, sem juros …’. Em seguida me pediram para repetir uma, duas, três, quatro, cinco vezes. E eu achava que estava errando. Não sabia que é comum repetir várias vezes. Todo mundo me olhando e eu já com vergonha e pensando: ‘Caramba, dou entrevista para vários veículos de comunicação e não quebro, e já gravei aqui a mesma cena mais de dez vezes’. Daí eu falei: ‘Estou com sede, vou tomar água lá fora’.

Quando eu sai da loja foi automático: entrei no primeiro táxi que vi. Já ia deixando meu carro, a chave e todas as minhas coisas para trás. Ai o cara da agência me viu entrando no carro e me abordou: ‘O que você vai fazer?’. Daí eu falei: “Não vou gravar mais não. Se eu estou errando na sala, imagine até chegar ao quarto e sem contar que falta a cozinha ainda”. E aí ele disse: ‘Mas o Antônio Fagundes repete mais de mil vezes a mesma cena, é normal isso’. Daí eu piorei: ‘Pô, mas se a fera da Globo repete mil vezes, eu vou ficar aqui duas mil, não vai acabar nunca. Agora é que vou embora mesmo’.

Cheguei no clube e falei para o presidente: “Ah, o meu negócio é jogar bola, não quero mais saber disso não. Bota outro no meu lugar’. Lógico que o comercial não foi ao ar, porque eu só fiz umas dez vezes o sofá e fui embora. Não cheguei nem no quarto, quanto mais na cozinha (risos).  

Você tinha noção do quanto o seu jeito irreverente atraia os holofotes da mídia?

Por incrível que pareça eu estou usufruindo desta condição apenas agora, depois que parei de jogar profissionalmente. Hoje vejo outros atletas em atividade fazendo várias campanhas e eu neste meio, fazendo principalmente esta campanha da Kaiser. Eu já tinha feito para a marca da outra vez a ação “Futebol com Bolas” onde eu entrevistei o Túlio, o Dinei e o próprio Dadá. Foi bem legal.  

E essa sua maneira de lidar com a imprensa, muitas vezes dizendo coisas engraçadas ou polêmicas… O quanto te ajudou e o quanto te atrapalhou em termos de imagem?

Me ajudou muito e nunca me atrapalhou em nada na minha carreira profissional ou no dia a dia. Quando eu jogava, é claro que eu não pensava tanto quanto hoje na repercussão que as coisas iam dar. Acontece que você fica tão vidrado nas vitórias e nas conquistas que acaba esquecendo desses fatores extracampo. Claro que ninguém é bobo e sabe que a repercussão de tudo que você faz é grande, ainda mais jogando em um clube gigante como o Corinthians. Mas, no fundo, eu sempre procurei viver o dia a dia do futebol mesmo, com treinamento, jogo a cada três dias, vitórias, derrotas e conquistas.

Qual foi a campanha mais legal que você já fez?

Não é porque estou aqui não, mas essa agora é uma delas. Estou também no ar com uma campanha de shampoo para caspa. Até para confrontar os comerciais e os penteados de Neymar e o Cristiano Ronaldo em época de Copa do Mundo (risos).