O apelo de Cazuza precisa, mais que nunca, surtir efeito nestes dias modorrentos que parecem não ter fim neste país tão maravilhoso.

O mal de toda crise – e não repetirei mais essa palavra aqui – é a ação silenciosa da sua perversidade. Os milhões de desempregados, com milhares deles alojando seus trapos – espólio de um destino cruel e não desejado – em céu aberto nas principais cidades brasileiras, falam mais alto, mesmo sem abrir suas bocas, do que todas as falcatruas que não param de ocupar o noticiário dos jornais impressos e eletrônicos.

Se devemos crer em Deus, como nos ensinaram nossos pais, que mal a Ele fizemos para um castigo tão grande e prolongado?

Sei que essa é uma daquelas perguntas que não querem calar, mesmo para os que sentem e sofrem calados, como a grande maioria desse inacreditável povo brasileiro.

A semana entrante aciona a retomada do calvário que tem sido as delações premiadas, em que não há mocinhos. Ao contrário, só há bandidos, alguns deles recebendo prêmios jamais sonhados por qualquer traidor. Embora necessárias – e mais ainda em um país onde os processos investigativos deixam muito a desejar –, as delações têm distribuído ainda mais revolta junto à população, pela contradição intrínseca à sua própria natureza, transformando o delator não raro em quase herói.

Em fins de junho, por exemplo, um homem alto estava rodeado por uma pequena multidão no aeroporto de Guarulhos, que o aplaudia gritando seu nome e o estribilho “herói do povo brasileiro”, no ritmo que já nos acostumamos a ver e ouvir. E quem era o “herói”? Nada mais nada menos que Joesley Batista, que teve todos os seus malfeitos abonados pela PGR, por ter entregue a imolação um presidente da República.

Nenhuma defesa de Temer aqui neste espaço, leitor amigo. Ficou claro o tipo de comportamento de S. Exa. e por isso ele está respondendo na forma da lei.

Mas, não nos parece tão clara assim a concessão do perdão ao delator, máxime procedida pelo Ministério Público, embora pela sua mais alta autoridade.

Aprendemos desde cedo que somente a um juiz compete julgar, em todas as instâncias. De repente, o folclórico Brasil permite uma situação esdrúxula, em nome de um nada exemplar fornecimento de informações em troca de uma inadmissível anistia penal.

O espírito do instituto da delação premiada não é esse. Ele permite conceder certos benefícios a quem cometeu ilícitos, mas jamais transformá-lo em cidadão inocente.

Esse tipo de situação contribui para aumentar o momento difícil que atravessamos, em vez de diminuí-lo. Não por sujeitar no caso um presidente da República a um merecido julgamento. Mas, por conceder perdão total a quem não pode ser considerado pessoa de bem, diante de tantos gravíssimos erros cometidos.

Qualquer que seja o destino de Temer, que este sofrido período que vivemos e teve início tempos atrás, sem ninguém saber calcular precisamente quando, termine realmente neste mês emblemático para a política brasileira que tem sido agosto, prestes a se iniciar.

O país não aguenta mais a acentuada diminuição das suas atividades econômicas, com consequências para as quais os malfeitores de todas as camadas sociais viram suas caras.

Dizem que sairemos melhor de toda esta prolongada refrega.

Que assim seja, mas que seja logo.

 

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Prestigiado por grande público, que literalmente lotou um dos auditórios da ESPM, o evento Cannes Insights 2017 foi também um sucesso de conteúdo (ver cobertura nesta edição).

Destaque maior para as apresentações de José Papa Neto, diretor-geral do Cannes Lions, e Celio Ashcar, chairman da Ampro e sócio-diretor da Aktuellmix. E um registro especial para a desenvoltura de Sandra Martinelli, presidente-executiva da entidade promotora, não só por suas palavras encerrando o encontro, como pela organização do mesmo.

 

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Nosso pesar à família Alzugaray, pelo falecimento do patriarca Domingo, que iniciou sua carreira de editor e publisher na grande escola da Abril, dela saindo para fundar com outros sócios a Editora Três.

Além dos tradicionais títulos de revistas lançados pela Três, houve um jornal de curta duração, mas de grande poder de fogo na época: o Jornal da República, com circulação iniciada em 1979 e interrompida no ano seguinte.

Caco Alzugaray, filho de Domingo, assumiu a direção da Editora Três.

 

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Daniel Marcet, diretor do Fiap, esteve no Brasil para a abertura das inscrições do festival ao mercado brasileiro.

A Cine, produtora de Raul Doria e Clovis Mello, cedeu suas instalações para receber Marcet e muitos convidados brasileiros de agências, que ouviram do diretor do Fiap as novidades contempladas na sua edição deste ano (ver matéria a respeito).

 

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Imperdível mais uma versão do tradicional Melhores e Maiores do Ano, promovido pela revista Exame, que será realizado na próxima segunda-feira (7), na Sala São Paulo (SP).

Walter Longo, presidente do Grupo Abril, garante que tanto a premiação como a edição especial de Exame dedicada ao evento vão mostrar os primeiros resultados de um Brasil que todos almejamos.

 

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Igualmente imperdível a nova coluna Arena do Esporte, que o PROPMARK inaugura com esta edição, assinada pela jornalista Danúbia Paraizo.

O momento é mais que oportuno para esse tipo de abordagem jornalística, com o esporte convivendo como nunca com a atividade publicitária e vice-versa. Um casamento perfeito e indissolúvel.

 

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O Editorial desta edição é dedicado a José Papa Neto, pelo périplo que realiza no Brasil e que recebeu na última semana a Medalha e Diploma Rodolfo Lima Martensen, a mais tradicional honraria concedida pela ESPM a poucos e bons.

 

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Errata: No último Editorial, ao mencionarmos a revista Propaganda, onde se lê “a mais antiga publicação brasileira em plena atividade”, leia-se “a mais antiga publicação brasileira do setor em plena atividade”.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda