Divulgação

Mais da metade da população mundial está conectada à Internet. São 3,9 bilhões de pessoas utilizando Google, Facebook, Instagram, Youtube, entre outros, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT). O número de celulares já ultrapassa o da população mundial. Não por acaso, a cobertura móvel chega a 96% em áreas povoadas e, o acesso à Internet, 90%.

A revolução digital, embora ainda exclua uma parte populacional, segue em ritmo acelerado. E isso não está passando desapercebido pelas empresas. Pelo contrário. Nunca se investiu tanto no Marketing Digital. E, na América Latina, o quadro não é diferente.

De acordo com pesquisa realizada pelo website Portada, o volume aproximado de investimento é de US$ 610 milhões. São Paulo é um dos maiores hubs da região, perdendo apenas para o México e para a Flórida (devido à alta concentração hispânica em Miami). A expectativa é que os serviços em Relações Públicas cresçam até 4,22% até 2024. Os investimentos em paid media devem aumentar em 8,26% nesse mesmo período e os planos de mídia e de compra de serviços em até 6,48%.

Apesar do crescimento promissor, há alguns desafios. A proximidade com os Estados Unidos é uma desvantagem, já que os norte-americanos possuem melhores práticas, visão holística, descontos e a proximidade com quem decide globalmente. No entanto, quem melhor entende de América Latina é, sem dúvida, a própria América Latina. Sem falar nas questões de câmbio, contratação e custos. Nesses quesitos, temos mais vantagens do que o outro lado.

Durante o encontro promovido pelo portal Portada em Miami, nos últimos dias 11 e 12 de abril, executivos de empresas com foco na América Latina se reuniram para discutir o que deve ser feito a partir dessa ótica. E, a conclusão a que o grupo chegou foi que é fundamental investir em quem está na ponta, cara a cara com o consumidor. Os milhões investidos em palavras-chaves, SEO ou paid media podem simplesmente ir pelo ralo por dois motivos: o serviço não ser bom e posts maravilhosos serem acompanhados de reclamações; quem está lidando com toda essa rica informação ser o que menos ganha na companhia e o que menos tem experiência com data driven. Ouvi de dois executivos da área de Turismo a mesma coisa: “temos a orientação de ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, quem está coordenando nosso contato direto com o consumidor está com algo riquíssimo em mãos e, não necessariamente com o mesmo poder de decisão da diretoria”.

Há alguns anos, como recomendação a um cliente, com centenas de unidades espalhadas pelo País, a estratégia simplesmente foi essa: dar poder a quem está na ponta. Afinal, quem fala com o prefeito, com o padre ou com o diretor da associação comercial, por exemplo, de Serra da Saudade, a menor cidade brasileira, com 800 habitantes, não é o presidente da companhia.

A preocupação tem fundamento. Hoje em dia, os consumidores querem mais proximidade. Uma executiva também da área de Turismo relatou que clientes argentinos rejeitam interlocutores com o melhor espanhol do mundo, mas que não são argentinos. Brasileiros não gostam de falar com gringos fluentes em português. A América Latina tem seus dialetos, seus tons de voz e suas histórias locais. E isso precisa ser levado em conta.

Mas, afinal, o que as empresas precisam fazer? Primeiramente, dados e pesquisas. Em segundo, precisam constantemente interpretar esses fatos. Se o seu cliente está sempre reclamando sobre determinado ponto, não se pode esperar explodir uma situação. É preciso resolvê-la. E, terceiro, a abrangência pode ser global, mas a atuação precisa ser local. A cultura precisa ser respeitada.
Todos com certeza concordam com isso, mas o dia a dia é duro. O responsável de Finanças tem um objetivo, a área de Vendas tem outro. O líder precisa ter essa sensibilidade, para que todos, no final do dia, conquistem e celebrem o bem comum da marca.

Tudo isso nada mais é do que reputação. Que precisa ser construída diariamente, sempre. É algo vivo e que não é feita apenas por uma parte da empresa. É de todos e para todos.

Andréa Pontes é jornalista, com pós-graduação em Marketing e Ensino a Distância. É Diretora Executiva da Golin no Brasil