Divulgação/Jefferson Rudy/Agência Senado

Ex-governador do Paraná, com passagens como deputado federal, estadual e senador, o candidato à presidência Alvaro Dias (Podemos) tem histórico político de amplitude nacional, mas com popularidade restrita ao Sul do país. Não à toa, dos cinco estados onde mais seu nome foi buscado no Google pela população, três pertencem a região: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segundo dados do Google Trends, Distrito Federal e Rondônia também integram a lista. Em contrapartida, nas regiões Norte e Nordeste sua popularidade e interesse dos eleitores não chegam a 30%. O desafio de comunicação do candidato, nesse sentido, é justamente, conseguir reverberar sua imagem.

No especial que avalia as campanhas dos candidatos à presidência, o PROPMARK já publicou perfis de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Jair Bolsonaro (PSL) e Henrique Meirelles (MDB). Nesta quinta-feira (27) é a vez da comunicação e marketing político de Alvaro Dias serem avaliados, e por fim, a de Fernando Haddad na próxima semana.

Na opinião dos analistas ouvidos pelo PROPMARK, Dias sofre o desgaste de não ser conhecido fora de seu estado de origem. Mas o desafio de comunicação vai além. Mesmo em locais chave para o candidato, os eleitores não conhecem suas propostas. 

A missão dos profissionais de marketing envolvidos em sua campanha é o de otimizar o tempo escasso na propaganda eleitoral gratuita, bem como multiplicar os espaços praticamente irrestritos na internet. O tempo de TV e rádio, por exemplo, algo que historicamente contribui para a tomada de decisões, é pouco representativo para o candidato. Dias tem direito a apenas 33 segundos, tempo determinado pelo número de partidos que fazem parte de sua coligação.

Como complemento ao espaço enxuto, o candidato tem utilizado as redes sociais e os debates na TV e rádio para amplificar suas propostas e expor argumentos. Seu discurso é baseado em dois grandes pontos: a luta contra a corrupção e o convite ao eleitor para que conheça as propostas de seu governo.

Assim como seus concorrentes com menor pontuação nas pesquisas, tais como Henrique Meirelles, Marina Silva e João Amoêdo (Novo), Dias tem nos canais digitais grandes aliados. Até o fechamento desta reportagem, Dias investiu apenas em setembro, no impulsionamento pago de 46 postagens no Facebook. O recurso foi permitido neste ano pela primeira vez na história política brasileira.

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Atualmente, um vídeo que traz a cobertura do Jornal Hoje a sua agenda política está ativo de 25 a 27 de setembro. O conteúdo impulsionado tem previsão de atingir entre 100 mil e 200 mil impressões no Facebook. Até o momento, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina foram os estados mais impactados. O valor gasto com o impulsionamento será de R$ 100 a R$ 499.

Segundo o consultor de marketing político Peterson de Abreu, especialista em pesquisas e comportamento do consumidor, a internet pode e vai ajudar a alavancar sobretudo os candidatos menores nesta eleição. Mas o analista esclarece que ela não será decisiva. “A população ainda vai se apegar aos veículos de comunicação tradicionais. A mídia é importante para o engajamento dos jovens, mas se a internet fosse tão fundamental, Bolsonaro já teria mais de 50% das intenções de votos. A internet é o meio mais rápido para alcance, mas se todo mundo está lá, você é apenas mais um se não souber se diferenciar”.

Para o professor e consultor político Carlos Manhanelli, há outro ponto que deve ser observado em campanhas impulsionadas em redes sociais: sua pertinência. Isso porque quando um candidato paga por um espaço na timeline do eleitor, ele entra em um ambiente privado o qual não foi convidado. “De certa forma é uma invasão de privacidade. Pode sair um tiro pela culatra porque é uma comunicação que o público não pediu, e pode não querer. Esse tipo de estratégia exige atenção e cuidado”, alerta.

Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, os números de Alvaro Dias não são muito otimistas. Teve, inclusive, queda de um ponto. Em agosto, tinha 3 pontos, e agora, segundo pesquisa do Ibope divulgada na quarta-feira (26) o candidato aparece com 2 pontos. Na avaliação de Manhanelli, o objetivo maior do candidato é tornar-se conhecido nesta eleição, para chegar com mais força no próximo período eleitoral.

“Comunicação é como o Titanic: todo navio precisa de tempo e espaço para fazer a curva. Não é como um carro de Fórmula 1. Tornar Alvaro Dias conhecido vai depender de tempo, espaço para se formar uma imagem. Ele está construindo agora para que no futuro ele tenha chances”, ressalta. “A eleição depende do ambiente político, econômico e social. Daqui a quatro anos ele pode ser um ótimo candidato. Tudo vai depender de como ele vai usar a campanha agora, como vai apresentar suas ideias e propostas agora”.