Brasil, Argentina, Colômbia e México foram os países que ficaram no centro de um estudo feito pela Edelman sobre tendências de consumo na América Latina. A pesquisa aponta, entre outros dados, que a América Latina está de fato integrada, com diversas tendências comuns entre os países. Os movimentos de reocupação dos espaços públicos, por exemplo, são cada vez mais frequentes. 

Em São Paulo, cidade brasileira analisada no estudo, a Avenida Paulista, uma das mais importantes vias da cidade, foi fechada para carros aos domingos. Essa e outras ruas e praças seguem atraindo cada vez mais pessoas em busca de lazer, ciclistas e manifestantes de causas políticas e sociais. 

Rodolfo Araújo, head de pesquisas da Edelman Significa, explicou que algumas marcas souberam aproveitar os “novos” espaços públicos. Um exemplo foi o Bradesco, que patrocina as ciclofaixas instaladas na cidades aos finais de semana e feriados. 

Mas isso não acontece apenas nas ciclofaixas. Alguns food trucks, food parks e os parkletts – uma espécie de minipraça construída no espaço de uma vaga de carro – são reflexos dessa nova tendência. 

“As marcas estão seguindo um caminho mais saudável, apostando, inclusive, em alimentos orgânicos, em produtores locais”, diz. “A novo conceito da ideia é o da simplicidade”, complementa. 

Já em Buenos Aires, além dos movimentos sociais, e dos food trucks, os festivais ao ar livre e as maratonas de rua, por exemplo, têm atraído muita gente aos espaços públicos. 

A cidade do México, por sua vez, passou por um importante processo de revitalização, no qual cartões postais como o Monumento a la Revolución foram reformados. Com isso, o local recebe de skatistas a manifestantes de diversas causas. No local, a cultura do street food também é forte, com suas torterías e loncherias. 

Em Bogotá, onde a bicicleta também tem substituído o carro com cada vez mais frequência, os food trucks, os amantes dos esportes, com seus personal trainners, e as aulas de yoga e pilates invadiram os parques da cidade.

 

MAIS TENDÊNCIAS

O cuidado com a saúde física e mental; a busca por uma alimentação saudável e orgânica; o interesse por formas de consumo mais eco-friendly, e o aumento da população com acesso à internet (onde os influenciadores digitais direcionam o consumo da massa) estão entre outras tendências na América Latina. 

Por outro lado, cada região possui suas peculiaridades. Em Buenos Aires, é forte a cultura business, na qual os argentinos se apresentam como empreendedores natos. No México, os negócios orientados por causas sociais surgem visando o desenvolvimento social das comunidades locais. 

Além disso, foi identificado um aumento no número de galerias e feiras de arte em São Paulo, ao mesmo tempo que intervenções artísticas e posters poéticos estão por toda a parte.   

O estudo “Cultural Connections: Latin America” surgiu a partir da experiência do Cultural Connections: Southwest Asia, lançado em janeiro do ano passado. 

Coordenado por Maxine Gurevich, senior brand planner, Global Insights, da Edelman em Nova York, o estudo se desenvolveu a partir do trabalho de campo de especialistas dos escritórios da Edelman nesses quatro países. 

“Os times compilaram, entre outras informações, as nuances dos mercados, o que as pessoas estão comprando e por que e, o mais importante, o que as marcas precisam saber antes de se estabelecerem nessas regiões”, diz Gurevich.