Divulgação

Termina nesta segunda-feira (12), Dia das Crianças, a Brasil Game Show, mior feira de games da América Latina. O evento acontece no Expo Center Norte, em São Paulo, e reúne as maiores companhias desenvolvedoras de jogos do mundo. Se em uma primeira impressão parece ser somente mais uma das inúmeras feiras que acontecem durante todo o ano na capital paulista, uma observação mais profunda sobre o tema desmente o equívoco.

Segundo números do setor, o mercado de games tem obtido um faturamento maior que o cinema nos últimos anos. Em 2013, por exemplo, foram US$ 52 bilhões contra US$ 50 bilhões no mundo. Além disso, no mesmo ano, o jogo Grand Theft Auto V quebrou o recorde de lucro de todos os segmentos ao ganhar mais de US$ 1 bilhão em apenas três dias após o lançamento.

A tendência de crescimento é a mesma no Brasil. Dados do instituto de pesquisa NewZoo aponta que o país já é o quarto maior em número de gamers – como são chamados os jogadores de videogames – e o 11º maior em termos de faturamento. Em 2014, o segmento movimentou mais de US$ 1,28 bilhão.

Apesar dos números atraentes, principalmente em relação a quantidade de potenciais consumidores que habitam esse universo, poucas marcas e agências de publicidade se aventuram no negócio. Em geral, as propagandas vistas sobretudo em jogos online, seja de PC ou de aplicativos mobile, ainda são feitas pelas próprias empresas de games. “É um mercado que se retroalimenta, mas grandes marcas como Nissan e Nike, por exemplo, já estão começando a entender o potencial desse mercado”, conta Marcelo Tavares, idealizador e diretor da Brasil Game Show.

Para Tavares, é questão de tempo até que os anunciantes comecem a contemplar plataformas de games em suas estratégias de comunicação. Ao contrário do que muitos pensam, o público do segmento ultrapassa os limites da infância e da adolescência e abrange pessoas de ambos os sexos desde os 7 até os 35 anos, com uma concentração ainda maior na faixa entre 18 e 35. “Notamos que o público envelheceu no sentido de que quem começou a jogar Atari nos anos 80 não parou mais e continua sendo um gamer. Esse mercado oferece um consumidor com grande potencial tanto de renda como de capacidade de engajamento, mas ainda tem sido pouco explorado por empresas de produtos que não são games”, diz.

A observação é reforçada por Eduardo Trench, fundador e sócio da agência de publicidade FTA Brasil, uma das poucas especializadas em games no país. “O público de games é diferente e não existe igual no mundo. São pessoas enteradas, superconectadas e engajadas que geram um tsunami de informações. O boca a boca é incrível”, diz. “Quando um jogo é lançamento, espontaneamente as pessoas que conhecem o produto começam a compartilhar informações pela internet que se espalham por todo o mundo”, acrescenta Trench, ressaltando que esse perfil dos gamers funciona para o bem e para o mal. “Se o jogo tem algum defeito ou algo que não gostam, também comentam”.

Os games na mídia e a mídia nos games

Segundo Trench, há razões que explicam a ausência das marcas de games nos espaços publicitários da mídia tradicional como TV, jornais e rádio. “O público está lá, mas os clientes são bastante severos em relação a personagens e tudo o que envolve os jogos. Isso muitas vezes impossibilita adaptações para a comunicação local. Além disso, no caso de filmes de TV, principalmente no Brasil, o preço para produzir um comercial com características para o mercado brasileiro é proibitivo. No final, acabam optando por campanhas digitais e rodam os vídeos produzidos nos países de origem”.

De acordo com o publicitário, a internet e os pontos de venda são os principais canais usados pelas companhias do setor para divulgar os produtos.

Divulgação

Trench ainda observa uma forte tendência na transformação das plataformas de games em mídia. Um dos exemplos é o Youtube Gaming, lançado recentemente pelo Google para abrigar somente vídeos referentes a jogos eletrônicos. “Pode ter certeza de que nos próximos anos as empresas que não são de games passarão a investir nisso. Vai ser um boom muito maior do que já é hoje”, conclui.