Está chegando a hora da verdade! Os candidatos ao Congresso e ao Executivo nacional e estadual partem para um processo concentrado de comunicação visando ao convencimento de potenciais eleitores para suas causas e propósitos.

Uns apostam todas as fichas no universo online, procurando atrair e engajar simpatizantes para uma campanha peer to peer, pessoa a pessoa, tendo como base as redes sociais. Outros confiam muito mais no velho e bom horário político e nas inserções publicitárias convencionais.

Um dos candidatos de maior peso apostou tudo numa coligação que permite um tempo de exposição na mídia convencional muito maior que os concorrentes.

E é aí que começam a pintar os questionamentos. Nós, do universo da comunicação, sabemos da importância de um posicionamento consistente como ponto de partida para uma campanha eficaz.

Conseguir mais tempo de exposição, portanto, é bastante relevante, mas mais importante ainda é o conteúdo, a mensagem a ser veiculada.

A decisão pragmática de se aliar a “parceiros” acostumados ao “toma lá dá cá” da política simplesmente para se obter mais tempo na mídia é sujeita a grandes riscos. A frequência é inegavelmente poderosa.

Costumava-se dizer que “uma mentira, contada muitas vezes, vira verdade”. Mas há uma parcela significativa da população que está muito mais atenta, crítica e certamente resistirá ao bombardeio de mensagens se não encontrar consistência.

Por outro lado, há aqueles políticos que preferiram ser fiéis aos seus princípios e não fazer concessões como forma de ampliar o espectro de atingimento de potenciais eleitores, seja pelo maior tempo na mídia, seja pela conquista de mais cabos eleitorais.

Um deles, um outsider, confia muito mais no discernimento e na vontade de seguidores que estão fartos do pragmatismo ao estilo de “os fins justificam os meios” e optam por uma via mais purista, sem composições oportunistas. Mas o tabuleiro desse complexo jogo é repleto de peças e movimentos de difícil entendimento e domínio.

Apesar das características muito próprias, a complexidade desse jogo existe também fora da política. As empresas também encontram grande dificuldade em equacionar sua comunicação nesse mundo de meios difusos e múltiplos.

Pensando na estratégia do mix de meios, o que é melhor, um plano de mídia intensiva (que aposta na força da frequência) ou uma comunicação mais seletiva, que confia no engajamento e na participação ativa do público, que deixa de ser simplesmente um “alvo” para se tornar um protagonista no processo de comunicação? Valem mais os GRPs ou TRPs ou os “likes” e compartilhamentos?

Levante a mão aí quem tem a solução dessa equação. Muito difícil! Pensando no conteúdo, vale mais um posicionamento baseado em pesquisas, entregando o que o público quer ver e ouvir, ou acreditar na autenticidade e no discurso genuíno, mesmo que desagrade a uma parcela do público? Lobos em peles de cordeiros serão identificados?

Por que políticos com ficha corrida mais suja que muitos bandidos continuam sendo eleitos? Será verdade que quem elege os políticos é o “povão” despreparado e inculto, desinformado e manipulável? Será que ainda é assim? Sabemos o quão grande é o contingente da população brasileira com baixa educação. É uma verdade inquestionável.

Mas será que a capacidade de discernimento não aumentou depois de tanta porrada e sofrimento com maus políticos? Isso só o tempo dirá.

Fica a torcida para que, de tanto apanhar, o povo não seja um alvo fácil de propostas populistas e oportunistas e então tenhamos resultados mais alentadores nesse processo seletivo de tanta importância para todos nós.

Que a força da verdade e da retidão prevaleça!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)

Leia mais
E não é que o Qatar está logo ali…
Tudo o que você precisa saber sobre gestão de crise e fakenews