Para a nossa mais do que combalida economia, a desesperança do conjunto das empresas privadas e, por extensão, do chamado “mercado publicitário” a melhor notícia possível, neste difícil quadro que vivemos, é a eleição de Jair Bolsonaro e os sinais até agora emitidos de como será a gestão econômica do Brasil nos próximos anos. Por suas declarações, por seu extraordinário instinto e inteligência natural, para não mencionar a boa estrela (que Napoleão considerava um dos melhores predicados para um general), além da já anunciada posição central que Paulo Guedes assumirá na concepção do modelo e gestão da economia, tudo leva a crer que o nosso país passará por uma mudança radical de paradigma nessa área e poderá consertar, talvez mais rápido do que se imagina, a profunda desestruturação resultante das péssimas escolhas feitas a partir da deflagração do Mensalão e de tudo que a partir daí decorreu.

O modelo que muito provavelmente será seguido pelo novo presidente e seu principal guru econômico não tem a ver com as bobagens do Trump, como muitos apressados têm apontado, mas com a política introduzida e construída por Ronald Reagan em seus dois mandatos (do começo de 1981 ao início de 89), que se estendeu pelo governo de seu VP e sucessor George W. Bush (o pai), terminando apenas no começo de 1993, no mandato de Bill Clinton.

Conhecida como Reagonomics, o modelo deu certo e transformou Reagan em um dos maiores presidentes da história dos EUA, pois ele reduziu significativamente a inflação, gerou 16 milhões de empregos e fez a maior economia do mundo crescer a uma taxa média anual de 7,93%.

A receita, relativamente simples, fundamentava-se em quatro pilares: redução do gasto público; redução do imposto sobre a renda e sobre os ganhos de capital; redução da regulação da economia; e controle da oferta de moeda para reduzir a inflação. A parte mais essencial dessa receita é perfeitamente aplicável ao Brasil, tirando a última, pois aqui não temos o problema da inflação. Em compensação, não podemos sofrer o efeito colateral que a economia americana viveu, que foi o enorme crescimento da sua dívida pública – pois a nossa já passou dos limites e precisa ser fortemente reduzida.

A matriz conceitual comum do Reaganomics e do provável Bolsonomics está na Escola de Economia da Universidade de Chicago, alma mater de Paulo Guedes e decorrente das ideias de luminares da economia como os ganhadores do Nobel Milton Friedman e Robert A. Mundell. Elas revigoraram a economia dos EUA e contribuíram para o boom econômico da década de 1980 e seus reflexos positivos até os anos de 1990.

E é justamente isso que poderá dar um verdadeiro sopro de vida para as áreas de marketing e publicidade, pois sem intervencionismos e com liberdade, as empresas e suas marcas estarão entregues à própria sorte. O que será música para os ouvidos de nossa atividade, pois todos sabemos que nada como uma competição acirrada para elevar o padrão do marketing e da publicidade, aumentar os investimentos nessas áreas e, o que é melhor de tudo, além de ser muito positivo para os consumidores e o conjunto da economia, deflagra um círculo virtuoso de eficiência, eficácia e prosperidade.

Alvíssaras!, para colocar na roda uma expressão pouco usada nos últimos tempos, mas muito significativa e rica de significados positivos.

Com certeza viveremos tempos melhores, que não serão nada fáceis no seu começo e demandarão muito mais empenho, trabalho, inteligência e disciplina. Mas que reacendem a esperança de um bom fim de 2018 e um ótimo 2019 – justamente o tema desenvolvido na coluna anterior.

Rafael Sampaio é consultor em propaganda (rafael.sampaio@uol.com.br)