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As atribuições do profissional de relações públicas mudaram muito nos últimos anos. A tradicional assessoria de imprensa, com o envio de releases e follow up de resultados, abriu espaço para a criação de conteúdos inovadores com o intuito de reforçar a reputação das empresas. E, com as transformações do mercado de comunicação, surgem cada vez mais escritórios de PR boutique, pequenas agências de relações públicas, que oferecem serviços de divulgação de mídia, planejamento, marketing ou comunicações especiais para todos os tipos de negócios. As mulheres dominam esse mercado no Brasil.

Para Flavia Meirelles, sócia-diretora da Forma RP e vencedora do Troféu Mulher Imprensa 2017 na categoria Assessora de Comunicação de Agência, com o advento e crescimento do digital a relação das pessoas mudou e o profissional de relações públicas ganhou relevância no novo cenário. “No começo, as estratégias de comunicação e marketing surgiam antes do PR, hoje, cada vez mais, o profissional é convidado a construir o planejamento junto com a marca. Novas tecnologias, formatos e plataformas estão surgindo e temos um campo maior para trabalhar, mas o cuidado com a relação, o propósito e a transparência continuam pautando o trabalho de PR”, revela.

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As boutiques de relações públicas, que em média atuam com 20 colaboradores e atendem cerca de 15 marcas, surgem com um novo olhar para conectar marcas e pessoas. Segundo Ana Lúcia Zambon, sócia-diretora da Tastemakers, conhecer pessoas com profundidade ajuda numa entrega com melhor engajamento. “Não somos assessoria de imprensa, nunca fomos. Somos uma agência que pensa em como conectar marcas e pessoas de maneira real, longa e engajadora. O mercado está migrando de veículos para pessoas, mas é imprescindível neste negócio conhecer as pessoas a fundo. São relações e não algoritmos. Pessoas não são binárias, elas mudam e evoluem e as marcas precisam da ajuda das agências de Brand PR para evoluir junto e rapidamente com estes porta-vozes”, afirma.

Um dos últimos trabalhos da Tastemakers, que reflete bem o posicionamento da agência, foi a parceria entre Anitta e a marca Cheetos. Durante o mês de fevereiro e apresentações da artista no Carnaval, a cantora estampou a embalagem do salgadinho que pertence à PepsiCo. “Nossa entrega possui nível diferente de curadoria, pois somos especialistas em relacionamento, em conhecer pessoalmente e a fundo cada pessoa, suas histórias, verdades e gostos pessoais para conseguir melhores resultados na cocriação de conteúdos e divulgação para as marcas. No projeto de Cheetos com Anitta, a história deu tão certo porque em diversas oportunidades estive com a cantora e pude observar ela comendo Cheetos Lua Parmesão. Ou seja, é engajador porque é verdadeiro. Muitos clientes hoje em dia buscam agências menores para ajudar na gestão do relacionamento direto com seus influenciadores”, diz Ana.

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Apesar de ter um atendimento diferenciado, será que algumas marcas ainda preferem trabalhar com grandes agências apenas pelo status? “Acredito que cada vez menos. Vemos que o cliente hoje, seja ele grande ou pequeno, está em busca de novos formatos e caminhos. Para isso ele está disposto a diversificar também o perfil de agências e parceiros. A etiqueta tem menos importância. O que vale mais é o tecido bom e o caimento impecável”, comenta Kassìa Cáricol, sócia-diretora da Inside Out.

Em contrapartida, Flavia acredita que a procura pelo status pode ocorrer e marcas multinacionais muitas vezes optam por um alinhamento mundial. “O maior desafio é mostrar que uma agência boutique pode ser tão ou mais eficiente do que uma grande agência de PR, mas essa percepção está mudando aos poucos junto com as transformações do mercado de comunicação. Como estão surgindo novos negócios e estas startups começam com agências de PR boutique, quando elas se sobressaem revelam o trabalho de construção de marca realizado”, revela.

Maior liberdade

Consideradas quase que houses das próprias empresas que atendem, as PR boutiques possuem uma relação mais próxima e menos burocrática com o clientes. “Acredito que o maior diferencial não está na criação, mas, sim, no dia a dia com o cliente. Cansei de ver projetos incríveis do ponto de vista de planejamento e criação se perderem na operação burocrática e nos processos mais engessados de uma grande agência. A ideia era sensacional, mas se perdeu na produção”, afirma Kassìa.

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Segundo Ana, não é somente uma questão de liberdade, mas, sim, de atuação e escopo de trabalho. “Fazemos apenas o que acreditamos e sempre temos como veículos para divulgação pessoas, o indivíduo, como figura central. E não nos importa se estas pessoas atuam como jornalistas, editores, VIPs, celebridades, bloggers, cozinheiros, pilotos de carros, empresários etc. Hoje todos têm uma voz e o poder de emitir sua opinião influenciando o entorno. Além disso, conseguimos entregas com melhor engajamento destes indivíduos que elencamos para os jobs, uma vez que possuímos relacionamento direto e olho no olho com estes makers”, comenta.
Determinar um foco ou uma especialização pode ser uma boa saída para agências menores. “Existem segmentos que conhecemos com maior profundidade e isso facilita. O segredo é conhecer a fundo o cliente, entender o propósito, estudar o mercado, a linguagem e cada editoria do que se pretende trabalhar”, finaliza Flavia.

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