Um dos aspectos mais importantes e interessantes da minha atividade, como superintendente da Fenapro, é a possibilidade de se ter uma visão ampla e democrática da propaganda brasileira. A Fenapro é a entidade que, junto com Sinapros (estaduais), representa nacionalmente o setor das agências de propaganda do Brasil.

Sendo assim, é nossa missão, entre outras, entender as características e as tendências do mercado e contribuir com a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor.

E isso demanda gastar muitas milhas e sola de sapato para trocar ideias e levar discussões e conteúdo relevante por esse Brasil afora. É uma via de mão dupla: a gente vai com um material que julgamos relevante e importante para as agências desenvolverem melhor seus negócios, mas, a cada viagem, traz aprendizados importantes para o entendimento da realidade, não só dos grandes centros, mas de todo o Brasil.

No primeiro semestre deste ano, realizamos um roadshow para discutir os aspectos de gestão das agências. Levamos palestrantes especialistas em gestão financeira, operacional, de conteúdo e de projetos. E, após as apresentações, promovemos debates com publicitários locais.

Neste segundo semestre, estamos em pleno Cannes Lions Road Show, realizado em parceria com o Estadão. A gente cobriu o festival e, agora, leva os cases vencedores e as principais tendências para apresentar e discutir com publicitários locais. Já passamos, além de São Paulo, por Vitória, Aracajú, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

E a peregrinação continua ainda pelos meses de setembro e outubro. Recentemente, promovemos uma grande discussão, em cinco encontros, com dinâmicas de Design Thinking, para ajudar a identificar necessidades e desenhar novos modelos de atuação das agências de propaganda perante os desafios do mercado atual.

Somado a isso tudo, promovemos ainda, trimestralmente, uma pesquisa de ambiente de negócios – a VAN Pro – que nos dá uma boa visão sobre a evolução do mercado a cada quarto do ano. Tudo isso junto nos dá uma visão privilegiada do nosso negócio, mas, o mais importante, a oportunidade de atuar em benefício da categoria. Para mim, particularmente, que estou na estrada boa parte do tempo, é uma oportunidade impagável de sentir o pulso da nossa atividade, in loco, sem intermediários.

Outro dia meu filho veio com essa expressão: caixeiro viajante. Sim, eu me considero um caixeiro viajante, um caixeiro viajante das ideias. Um caixeiro do escambo, que troca sem parar. É muito gratificante!

Dias atrás, eu estava em Recife, para apresentar o Cannes Lions Road Show, mas também para participar do júri do prestigiado Prêmio Pernambuco de Propaganda. E lá a gente identificou – escondida num case mais amplo – uma ideia muito semelhante aos cases mais premiados do Cannes Lions deste ano: o Fearless Girl e o Meet Graham. Um case do interior do Pernambuco que percorreu o mesmo caminho criativo das maiores agências do mundo.

Ainda não posso dar mais detalhes porque a entrega de prêmios ainda não aconteceu e não quero furar o resultado. Vem do Nordeste também uma ideia revolucionária de criar uma rede de agências, baseada nos princípios colaborativos e de franchising. São coisas assim que esse Caixeiro Viajante das Ideias encontra por aí.

A forma de remuneração das grandes agências localizada nos Jardins de São Paulo não tem nada a ver com a que encontramos no extremo sul do país, ou no interior do mesmo estado de SP.

São realidades distintas, que convivem sob as mesmas regras de autorregulamentação da nossa atividade. Regras que são flexibilizadas conforme o tamanho do mercado e as características regionais, mas que devem ser pautadas pelos princípios éticos que norteiam o setor.

É essa riqueza que faz o Brasil se destacar mundialmente. Hoje, vemos o Brasil no topo da propaganda mundial, conquistando os maiores prêmios e também exportando caixeiros viajantes das ideias pelo mundo afora. Orgulho de pertencer a essa atividade!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)  – alexis@fenapro.org.br