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Na noite de terça-feira (4), o Carrefour divulgou uma terceira nota sobre a morte de um cachorro em uma unidade da rede. Denúncias apontam que o animal morreu após ser espancado por um segurança. O caso gerou revolta em protetores de animais, consumidores e famosos. Há uma semana a empresa enfrenta uma crise de imagem. 

Na nova nota, o Carrefour admite que houve um “problema” na loja e que não vai se eximir de sua responsabilidade. A empresa diz que aguarda o resultado das investigações e que está comprometida em responder a sociedade. Além disso, sinaliza uma  política de proteção e defesa dos animais em parcerias com ONGs sugeridas por internautas.

“O Carrefour reconhece que um grave problema ocorreu em nossa loja de Osasco. A empresa não vai se eximir de sua responsabilidade. Estamos tristes com a morte desse animal. Somos os maiores interessados para que todos os fatos sejam esclarecidos. Por isso, aguardamos que as autoridades concluam rapidamente as investigações. Desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada foi afastado. Qualquer que seja a conclusão do inquérito, estamos inteiramente comprometidos em dar uma resposta a todos. Queremos informar também que estamos recebendo sugestões de várias entidades e ONGs ligadas à casa que vão nos auxiliar na construção de uma nova política para a proteção e defesa dos animais.”

Ainda na terça, uma imagem começou a circular nas redes sociais. A marca do Carrefour se transformou em um cachorro como forma de protesto contra a companhia. Outras imagens, artes e representações com símbolos da empresa estão em diversos perfis na internet. Consumidores estão se mobilizando para protestar na loja de Osasco neste fim de semana.

Repercussão e alcance nacional
Ao longo da semana o caso foi ganhando repercussão pelo país, a partir de notícias em diversos veículos e mobilização em redes sociais. Outro fator que influenciou foi o posicionamento de famosos como Whindersson Nunes, Luisa Mell, Bruna Marquezine, Tata Werneck, Giovanna Ewbank, Yasmin Brunet, Fernanda Paes Leme e Kefera, que falaram do caso e cobraram posicionamento “mais humano” da empresa, criticando as respostas iguais aos seguidores.

Um quarto ponto que agravou a crise foi a revelação de imagens das câmeras da empresa. Em seu perfil no Instagram, Luisa Mell mostrou uma sequência de vídeos. Em um deles, o cachorro estava tranquilo no local, sendo alimentado. Em outro, ele foi afastado para uma área mais distante por um segurança que segurava uma barra metálica. Quando o cachorro retorna às imagens está machucado e sangrando. Em seguida, outras imagens mostram a ação do Zoonoses.

 

Histórico do caso

No dia 28 de novembro, começaram as denúncias de que um segurança da unidade em Osasco (SP) espancou e envenenou um cachorro, após ordens de afastar o animal em função de uma visita.

O cachorro foi resgatado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), mas não resistiu. Fotos dele machucado circularam em dezenas de páginas de proteção animal. O caso também foi abordado em perfis como o de Luisa Mell, que prometeu acompanhar tudo pessoalmente.

No Facebook e no Instagram, as postagens mais recentes do Carrefour ficaram cheias de comentários cobrando justiça e boicote à empresa. 

A Folha de S.Paulo informou que, no sábado (1º), Beatriz Silva, presidente da ONG Bendita Adoção, e uma advogada foram à loja e disseram em transmissão pelo Facebook que testemunhas confirmaram a agressão. Na noite de sábado, um grupo protestou na unidade.

Nas redes sociais e à imprensa, a rede explicou que afastou a equipe responsável pela segurança no dia do fato durante as investigações. 

“A rede informa que repudia veementemente qualquer tipo de maus-tratos. Esclarece ainda que, preventivamente, afastou a equipe responsável pela segurança do local no dia da ocorrência até que a rigorosa apuração em curso seja concluída e as devidas providências adotadas. Reforça também que, assim que notou a presença do animal nas dependências da loja, o acolheu, oferecendo água e comida, até que a equipe do Centro de Controle de Zoonoses de Osasco chegasse ao local para o devido atendimento.”

Na segunda (3), a empresa divulgou uma nova nota afirmando que um funcionário terceirizado tentou afastar o cachorro da loja, que a “abordagem pode ter ocasionado um ferimento na pata do animal” e que o cachorro “desfaleceu durante a ação do Centro de Zoonoses de Osasco”, em razão do uso de um enforcador, equipamento de contenção. 

“A rede repudia qualquer tipo de maus-tratos contra animais. Comprometido em manter a todos informados sobre o episódio ocorrido na loja de Osasco, nossa apuração preliminar apontou que o cachorro estava circulando pelo estacionamento há alguns dias. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado por diversas vezes, mas não recolheu o animal. No dia do incidente, clientes se queixaram sobre a presença do cachorro, e, novamente, o órgão foi acionado. Um funcionário de empresa terceirizada tentou afastá-lo da entrada da loja e imagens mostram que esta abordagem pode ter ocasionado um ferimento na pata do animal. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado novamente e compareceu ao local para recolhê-lo. No entanto, no momento da abordagem dos profissionais do órgão para imobilização, o cachorro desfaleceu em razão do uso de um “enforcador”, tipo de equipamento de contenção. A Delegacia especializada de Osasco (D.I.I.C.M.A.) abriu inquérito e está investigando o caso. Estamos colaborando com as autoridades, disponibilizamos todas as informações e imagens para que o fato seja solucionado.”

Na mesma tarde, o delegado e defensor dos animais Bruno Lima, que acompanha o caso desde o início, afirmou pelo Instagram que foi feito um Boletim de Ocorrência e instaurado um inquérito policial.