O Comitê Gestor da Internet (CGI) divulgou na semana passada a pesquisa TIC Domicílios 2017, que trouxe dados inéditos sobre o consumo de internet no Brasil e impactam a forma como as campanhas publicitárias e a produção de conteúdo de marca ou editorial devem ser planejadas e executadas, especialmente na esfera digital. O estudo é realizado desde 2005 e mostra como a população utiliza as tecnologias no país.

A informação mais importante é que, pela primeira vez, a porcentagem da população com acesso à internet que o faz somente por smartphones (49%) suplantou a quantidade dos que usam tanto celular quanto smartphone (47%). Na TIC Domicílios anterior, a proporção era de 43% e 51%, respectivamente. Já a quantidade de pessoas que acessam a web apenas pelo PC vem despencando. Saiu de 24% em 2014 para apenas 4% na pesquisa recém divulgada. Os celulares, dessa forma, se tornam dominantes na vida das pessoas que pretendem acessar conteúdos online. No total, 96% dos brasileiros que usam a internet fazem isso em algum momento pelo celular, 51% pelo computador, 22% pela televisão e 9% pelos videogames.

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Uma das razões principais para o predomínio do mobile é a questão do acesso. Hoje, 59,1 milhões de brasileiros só conseguem ver internet pelo celular e isso está diretamente relacionado à classe social. Enquanto 88% das pessoas na classe A usam internet nos computadores e celulares, nas D e E são apenas 15%. Entre os mais pobres, 80% usam internet apenas pelo mobile, e na classe C o índice é alto também (53%). A conclusão do estudo é que o preço é a grande barreira para se ter internet no computador em casa, de acordo com 59% das pessoas que não têm.

O estudo trouxe outros dados interessantes, como as atividades mais comuns na internet. A troca de mensagens feita através de aplicativos como WhatsApp, Skype e Facebook Messenger é a ação favorita dos brasileiros, feita por 90% dos usuários. A segunda atividade mais popular é acessar redes sociais como Instagram e Facebook, com um índice que atinge 77% dos que entram na internet. Apesar de alto, o número é 1% inferior ao de 2016, e apenas 1% superior ao de 2014, o que indica uma estagnação do interesse por esse tipo de conteúdo. As outras atividades mais populares são assistir conteúdos de vídeos em sites como YouTube e Netflix, iniciativa comum a 71% dos usuários, e com crescimento em relação aos 68% do estudo anterior, e ouvir músicas em aplicativos como Spotify, Deezer ou mesmo YouTube, também com 71%. Nesse caso, o índice anterior era de 63%.

Uma das conclusões da TIC Domicílios 2017 é a massificação do consumo de vídeos e músicas por streaming. No caso do consumo de vídeos e filmes, o índice de pessoas com acesso a esse tipo de conteúdo era de apenas 49% em 2012, contra os já mencionados 71% de hoje. Na contramão, o hábito de download tem diminuído, sendo que apenas 23% das pessoas baixam filmes. Outra conclusão do estudo é sobre o fenômeno dos gamers: participar de jogos pela internet é um hábito de 34% dos brasileiros que acessam a web, mas em 2012, o índice era parecido, 33%.

A internet também é vista como possibilidade para criação de conteúdos, sendo que 37% das pessoas postaram textos, imagens ou vídeos de sua autoria, e 20% atualizaram blogs e sites. Já os compartilhamentos de conteúdos de terceiros foram praticados por 73% dos internautas.
A TIC Domicílios 2017, de responsabilidade do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.org), mostra que há 120,7 milhões de internautas no Brasil, mais de dois terços da população (67%), distribuídos por 42 milhões de domicílios. Para a composição do estudo, foram feitas 23.592 entrevistas presenciais em 350 municípios.

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