Em meio aos crescentes debates sobre a rápida disseminação das fake news, bem como seu impacto nas próximas eleições, a Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi) acaba de lançar o Código de Conduta para Agentes Digitais em Campanhas Eleitorais. A ideia é reforçar o papel e a responsabilidade dos comunicadores que prestarão serviços na internet para partidos e candidatos. 

Segundo Marcelo Sousa, presidente da entidade, o objetivo é trazer orientações para garantir relações éticas nas eleições, diante do papel cada vez mais determinante do digital no resultado final nas urnas. “Sabemos da força que o digital ganhou e vem ganhando nos últimos anos como influenciador do comportamento do consumidor e, por consequência, do cidadão/eleitor. Nas eleições de 2014 o digital foi estratégico no resultado final e este ano acreditamos que será ainda maior já que será possível comprar mídia nas plataformas globais digitais para alavancar candidatos e partidos”.

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Desde as eleições de 2014 a Abradi vem discutindo com advogados especializados e estrategistas digitais eleitorais sobre o impacto da internet no cenário político. Em 2016, nas eleições para prefeituras, a entidade lançou o primeiro código de conduta. Agora, em 2018, a entidade revisou o material de acordo com as novas regras do TSE e consulta às entidades e profissionais do setor. “O cumprimento de cada item do código vai da responsabilidade empresarial de cada um, não é papel da entidade fiscalizar a conduta de cada empresa digital do país, o TSE e os outros órgãos de controle estão aí para cumprir esse papel”, ressalta Sousa.

Ética
Criado com objetivo de elevar a responsabilidade ética das agências e seus colaboradores, bem como para deixar claro as possíveis penalidades jurídicas no caso de desvios e má conduta, o guia traz orientações de diversas complexidades. Chama a atenção, por exemplo, para o sigilo de dados e privacidade das informações, cuidando com a utilização de softwares e hardwares. No item sete do código, por exemplo, a entidade orienta que os profissionais “mantenham os sistemas e ferramentas de segurança atualizados visando a prevenção de ataques cibernéticos, invasões e roubo de dados pela internet”. E que trabalhem com ferramentas que garantam segurança dos dados armazenados.

Chamando a atenção para o recente vazamento de dados de milhares de usuários do Facebook, a entidade também orienta a não utilização de “recursos tecnológicos ou publicitários que possam criar artificialmente mudanças mentais e emocionais no eleitorado, similares ao ocorrido nos EUA com a consultoria Cambridge Analytica que, de forma intencional e artificial, criou ambiente propício para mudanças ou engajamento de eleitores naquele país”.

As fake news também ganharam espaço relevante. Apontadas como possíveis responsáveis por contribuirem para a eleição de Donald Trump nos EUA, o temor é que as notícias falsas possam impactar negativamente o processo eleitoral no Brasil. “O congresso e os órgãos de controle norte-americano ainda estão levantando o que realmente ocorreu nas eleições, mas os indicadores parecem apontar que houve interferência e ações nas plataformas globais digitais com o objetivo de alterar as intenções dos eleitores. Acreditamos que os órgãos de controle do TSE estão analisando e estudando o ocorrido com olhos de lince na tentativa de reduzir os possíveis efeitos na eleição deste ano”.

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