A campanha “Confie no Conar” será alterada. Por maioria de votos, o  Conselho de Ética do próprio órgão recomendou a alteração de dois anúncios para TV das peças criadas pela AlmapBBDO. As alterações visam eliminar a possibilidade de interpretação, por exemplo, de que diversidade de goiabas e diversidade étnica estejam no mesmo nível de importância. A decisão ocorreu em reunião na última quinta-feira (14). Anunciante e agência irão recorrer da decisão.

O processo ético foi aberta em 21 de agosto, após reclamações de cerca de uma dezena de consumidores. Para eles, os filmes desmereciam movimentos que lutam por mais respeito pela diversidade social.  A defesa argumentou que as reclamações foram percepções individuais.

“É exatamente para tratar deste tipo de controvérsia que foi criado o Conar, que dentre as suas atividades, tem a responsabilidade de avaliar em seus julgamentos se uma publicidade está calcada em irregularidade ou em elementos subjetivos pautados na percepção e gosto individual, tudo com o propósito maior de não permitir que o ‘direito’ reclamado por uma parcela da sociedade possa configurar restrição à liberdade de expressão”, afirmou a defesa.

Em seu voto, o relator considerou que, pelas manifestações dos consumidores, não se pode afirmar que o entendimento do anúncio foi o pretendido por anunciante e agência e que “as peças dão margem para que as pessoas se sintam ofendidas”.

“Respeito não combina com dar a entender que se discute gosto no mesmo nível de condição social, étnica ou sexual. Respeito é de fato separar uma coisa da outra. A lógica da campanha é correta, pertinente, louvável. No entanto, o resultado infelizmente não comunica a separação de questões esdrúxulas, ridículas, de gosto ou simples opinião daquelas questões que mobilizam parcelas significativas da sociedade e do mercado – cada vez mais marcas valorizam a diversidade, por exemplo”, disse.

Participaram da reunião os conselheiros André Luiz Costa, Cyd Alvarez, Fernanda Tomasoni Laender, Júlio Abramczyk, Kleber de Almeida, Marlene Bregman, Manoel Zanzoti, Percival Caropreso, Renato Pereira, Ricardo Melo, Ricardo Ramos e Roberto Nascimento. Além da representação Nº 189/17, foram debatidas e votadas outros oito casos. 

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