A era da abundância trouxe muitos hábitos de desperdício de alimentos e bebidas, além de uma variedade de produtos com valor nutricional duvidoso e muitas vezes prejudicial à saúde. Com a crise que assolou o Brasil nos últimos anos, a conscientização do consumo saudável e valores éticos sendo debatidos na mídia e nas redes sociais, as marcas iniciaram uma corrida para acompanhar toda essa transformação e ampliar a comunicação com o seu consumidor.

Está cada vez mais distante aquela imagem do consumidor pegando o produto de primeira necessidade na prateleira ou simplesmente clicando no carrinho de compras do e-commerce freneticamente. Não só as promoções ganharam prioridade, mas também as informações dos rótulos e as mensagens da marca em produtos e serviços, todos analisados com a precisão de quem olha com uma lupa.

O que antes era one way, na linha “compre porque você precisa e é bom”, virou two way, “deixa eu ver se realmente é bom e depois te falo”. Neste caminho, os SACs 2.0 (Serviços de Atendimento ao Consumidor) passaram a contribuir mais, não só na melhoria de produtos e serviços como também na criação de novas ofertas, com valor agregado ainda maior aos clientes.

Temas críticos como saudabilidade, bem-estar, sustentabilidade e racismo tornaram-se itens obrigatórios no planejamento para as embalagens e comunicação de todas as marcas. Um bom exemplo são as campanhas de bebidas alcoólicas, antes protagonizadas por mulheres seminuas e agora realçadas por valores sociais e étnicos. Os millennials (pessoas nascidas entre os anos de 1980 e 2000, hoje na faixa 16 e 36 anos de idade) são grandes consumidores e influenciadores destas mudanças. Pesquisa feita pela Goldman Sachs Group indicou que a nova geração de jovens entende que ser saudável é uma busca diária.

Os millennials querem ampliar a expectativa de vida e chegar na terceira idade com muita autonomia e disposição. Têm como prioridade a consciência sobre a importância do cuidado com o próprio corpo: fazem mais exercícios, praticam a cultura da alimentação consciente e alguns adotam dietas vegetarianas e veganas. Este movimento abriu uma oportunidade enorme para a indústria de alimentos e bebidas considerados saudáveis. Antes nichados, ganharam escala industrial com a preocupação das marcas em manter e assegurar minimamente os seus valores nutricionais de origem.

No outro extremo da faixa etária, a categoria melhor idade também está sendo vista como um mercado promissor. Pudera: uma pesquisa divulgada em 2016 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que 67% dos idosos são os únicos decisores sobre as compras que fazem, mas três em cada dez (34%) afirmam sentir falta de produtos para a terceira idade.

Segundo a CNDL, nas próximas quatro décadas a população da terceira idade deve triplicar, chegando a mais de 66 milhões de pessoas, quase 30% da população. O mercado, portanto, deve se preparar e conhecer cada vez melhor as especificidades deste consumidor a fim de ampliar sua participação no mercado e sua lucratividade.

O desafio aumentou. Os produtos precisam atender a um mercado mais exigente. As embalagens, rótulos e informações ao consumidor devem refletir esta mudança. Tudo ficou mais acelerado, pois vivemos numa época em que as mudanças, antes lineares, tornaram-se exponenciais. Sua empresa está preparada?

Margot Doi Takeda é sócia-fundadora e diretora de criação da A10 Marcas que Transformam e membro da GLBA Global Local Branding Alliance Member