Alimentação, vestuário, saúde, entretenimento… Estes são alguns dos principais setores de produtos e serviços que tradicionalmente atendem a pessoas de diferentes perfis. Mas, agora, um novo público desponta com necessidades cada vez mais crescentes: os animais de estimação. 

Somente no Brasil, de acordo com o IBGE, são 132,4 milhões de pets. Apenas a população de cachorros, que é de 52,2 milhões, já é maior do que a de crianças entre 0 e 14 anos, que conta aproximadamente com 44,9 milhões de indivíduos. Segundo a Euromonitor, esses números fazem do país a quarta maior população de animais de estimação do mundo.

Para Claudia Montini, gerente de marketing da Petz, maior rede de pet shops do Brasil em número de lojas, fenômeno de “humanização” desses bichinhos é responsável pelo desenvolvimento de novos nichos. “Hoje em dia, os pets não são apenas animais, eles são companheiros, amigos e integrantes da família. O fato de as pessoas buscarem de tudo pelo bem-estar deles faz com que as categorias do setor cresçam, desde as mais tradicionais, como o pet food, até roupinhas, acessórios e serviços de prevenção à saúde animal”, comenta. A rede, inclusive, acaba de lançar a marca Seres, focada em medicina veterinária.

Apesar de o setor pet brasileiro movimentar mais de US$ 105,3 bilhões ao ano e de expectativa de se tornar, ainda este ano, o segundo maior mercado global (atrás apenas dos EUA), tais mudanças sociais geram não apenas novas necessidades de consumo, mas também um maior interesse em conteúdos relacionados ao tema em diversos canais.

Na mídia
Na semana passada, o Jornal da Band transmitiu a série Meu Bicho Preferido. Com cinco episódios, o especial abordou o crescimento do mercado pet no Brasil e também o cotidiano de hospitais veterinários e animais exóticos.

O Fantástico, da TV Globo, por sua vez, vai mostrar o trabalho de quem se dedica a cuidar de animais em situação de risco acompanhando a recuperação de alguns desses animais até o momento da adoção. O quadro tem estreia prevista para o próximo mês.

Além disso, alguns veículos, como Veja SP, Folha de S.Paulo, Band News FM e TV Record, por exemplo, contam com espaços fixos para falar sobre dicas e novidades desse universo.

Roteiros de estabelecimentos que aceitam a presença de animais, como o Guia Pet Friendly e o Guia Dog Friendly, também fazem sucesso nas redes sociais.

Na publicidade
Para Pernil, diretor de criação da AlmapBBDO, agência que atende às marcas Pedigree e Whiskas, da Mars, as mídias tradicionais, como a TV, ainda são muito importantes para a publicidade de produtos pet. No entanto, por conta da pulverização do mercado e da necessidade de trabalhar outras frentes, como conceito de marca e campanhas de adoção, por exemplo, o profissional ressalta a importância de trabalhar com influenciadores e espaços digitais. “Tudo depende da ideia, do que a gente quer dizer e de quem queremos alcançar. As possibilidades, hoje, são muitas. Já criamos ações exclusivas para o Twitter, por exemplo. Assim como curtas-metragens superemocionantes que se adequam perfeitamente ao ambiente digital, já que nunca funcionariam em 30 segundos”, diz.

A Petz conta com visão similar, como revela Claudia. A empresa, que é atendida pela Ogilvy, costuma investir em anúncios para TVs, rádios e jornais com foco regional para trabalhar temas factuais, como abertura de novas lojas. Já as campanhas de posicionamento e plataformas diversas são trabalhadas com ações de marketing de relacionamento e peças digitais. “Temos muito foco em redes sociais e proximidade com grandes e microinfluenciadores, que são pessoas que nosso público acompanha e acredita. Os resultados vêm sendo muito bons e a previsão é que a gente amplie esse tipo de ativação”, comenta.

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Já Deborah Zeigelboim, diretora e fundadora da Pet Model Brasil, agência especializada em modelos animais, afirma que o boom do setor impacta não apenas as ações de marcas focadas em animais, mas também a publicidade como um todo. “Vemos que campanhas para empresas diversas já incluem pets como parte da rotina das pessoas e públicos representados. Não estamos presos em atender apenas marcas pet. Já participamos de produções para Caixa, C&A e Unimed, por exemplo”.

Deborah chama atenção ainda ao fato de não haver leis específicas para o trabalho de animais na publicidade brasileira, fazendo com que as produções utilizem como base o Estatuto da Criança e do Adolescente. “Um cachorro tem a inteligência de uma criança de três anos, então precisamos respeitar o limite deles com cuidado e segurança. É necessário também entender as particularidades de cada locação e contar com especialistas em comportamento animal durante todo o período de gravação”, aconselha.

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