Três dos principais grupos do mercado de publicidade divulgaram seus resultados financeiros do primeiro semestre e algumas tendências vão ficando claras para os próximos anos no setor. Em geral, as holdings demonstraram vigor em suas áreas de publicidade, que estão valorizadas e tiveram crescimento de 4,7% no Omnicom e 3,2% no Interpublic, por exemplo, enquanto modalidades como CRM, eventos e PR tiveram resultados aquém do esperado em pelo menos uma das empresas que divulgaram balanço. Outro segmento que está se destacando é o de comunicação para o setor de healthcare, com crescimentos agressivos.

Também se notou, no discurso dos líderes do setor, a busca pela integração entre talento criativo e expertise em dados, guiado por aquisições como da Acxiom pelo Interpublic, e Epsilon pelo Publicis, além do estabelecimento da estrutura Omni pelo Omnicom.

O Omnicom faturou US$ 7,18 bilhões nos seis primeiros meses de 2019, uma redução de 4% na comparação com 2018, número justificado por questões cambiais relacionadas às aquisições do grupo no ano passado. Ao se analisar o crescimento orgânico, que exclui tais efeitos, houve alta de 2,7%, com destaque para as áreas de publicidade (4,7% de crescimento) e healthcare (7,6%). A área de CRM & Support teve queda de 2,9%.

No Omnicom, houve ainda queda de 2,7% nas receitas na América Latina nos seis primeiros meses do ano. Foi a única região com redução nas receitas, sendo que Reino Unido (3,5%), Europa (2,7%), Estados Unidos (2,6%) e Ásia (2%) lideraram o crescimento do grupo. O Omnicom trabalhou com margem operacional de 13,9%, contra 13,4% no ano anterior, com lucro de US$ 1 bilhão.

Para o CEO John Wren, os resultados demonstram diversidade das operações do Omnicom, incluindo a combinação entre talento criativo e expertise em digital data e analytics. “As práticas de publicidade
e mídia tiveram um bom crescimento especialmente no segundo trimestre, com as empresas de precision marketing e digital com crescimento de dois dígitos. O crescimento não foi maior por causa da performance negativa do negócio de eventos”, analisou, ressaltando ainda o resultado positivo de healthcare, mas a queda de 1,3% de PR.

Wren demonstrou felicidade pelos resultados do Omnicom em Cannes, onde foi Holding of the Year graças aos rendimentos das redes BBDO, DDB e TBWA, que tiveram mais de 200 Leões. Da mesma forma, as ferramentas de dados Omni e Annalect foram elogiadas por terem oferecido aos criativos formas mais modernas de gerar interação com os consumidores. “A principal razão para o crescimento do Omnicom e uma real fonte de diferenciação é o compromisso do grupo com os criativos. Fomos fundados por criativos e não é algo que possa ser adquirido ou vendido”, resume Wren.

No Interpublic, assim como no Omnicom, houve crescimento do segmento de “agências integradas”, que compreendem as redes FCB, McCann, R/GA, MullenLowe e Huge, entre outras, com alta de 3,2% no segundo trimestre. Elas guiaram o crescimento do grupo nos três meses, que ficou em 3%. Considerando-se o primeiro semestre, o Interpublic cresceu 4,6%, atingindo receitas de US$ 4,13 bilhões.

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Esse crescimento do Interpublic, que foi acima do esperado pelos analistas financeiros nos Estados Unidos, exclui os números da Acxiom, operação de dados adquirida em dezembro do ano passado. Assim como no Omnicom, a área de healthcare teve resultados muito positivos. “Tivemos uma ótima performance em compra de mídia, bem como crescimento em nossas redes criativas globais e em PR e digital. O segundo trimestre também teve crescimento em clientes dos setores de healthcare, financeiro, bens de consumo e varejo. Continuamos satisfeitos com a Acxiom, que nos dá uma posição em gestão de dados sem concorrentes no mercado, nos permitindo ajudar anunciantes a ter o melhor de suas propriedades de data”, disse Michael Roth, CEO do Interpublic.

Segundo ele, o crescimento no Brasil, ao lado de Argentina, México e Colômbia, liderou uma alta de 25% nas receitas na América Latina.

Para o Publicis, as conquistas do fim do ano passado como Fiat Chrysler (FCA) e GSK começam a aparecer e, segundo o CEO Arthur Sadoun, aceleram o negócio, que sofreu com a redução de verbas no segmento de bens de consumo, que representa um terço do total de clientes.

A holding francesa obteve, ao fim dos seis primeiros meses do ano, um crescimento orgânico de 1,7%, atingindo US$ 4,8 bilhões, com queda de 3% nos Estados Unidos, o mercado mais afetado pela perda de contas, e onde houve uma reestruturação recente, com a divisão da gestão nas áreas leste, oeste e central. Por outro lado, a Europa teve crescimento de 2,4% e a Ásia saltou 2,7%. Já a América Latina foi bem: crescimento de 8,7%.