Em todos os próximos dias, semanas, meses, anos contemplaremos diferentes famílias de dinossauros numa luta lancinante em busca de uma luz que as remeta para o lado de lá do muro; e sobrevivam, enfim, no Admirável Mundo Novo. Dentre essas famílias de dinossauros, destacam-se as grandes e tradicionais montadoras. 

E, dentre todas, a General Motors, a empresa ícone do negócio de automóveis no mundo, por onde começa a história da indústria automobilística com uma visão de mercado, a partir do genial Alfred Sloan Jr., que tirou a empresa da falência e em três anos a colocou na liderança mundial, em que permaneceu por mais de 70 anos. Superando a Ford, do genial Henry Ford, e o seu carrinho preto.

Inspiração maior de Peter Drucker para escrever o livro Prática de Administração de Empresas, no ano de 1954, onde se encontra plantada e com as raízes à mostra, o verdadeiro entendimento de administração moderna. A que nasce a partir do mercado, mais popularmente conhecida como marketing!

Semanas atrás Carlos Zarlenga, presidente da GM para o Mercosul, convocou a imprensa para passar algumas novidades dentro da nova política estratégica de sua empresa para nosso país. A partir deste 2018, a GM começa a importar os primeiros carros 100% elétricos. Quer testar o interesse do consumidor brasileiro pelos carros que um dia ocuparão as ruas das cidades.

Traz também para o Brasil, no próximo ano, a Operação Maven, que já funciona em várias metrópoles americanas. No início disponível apenas para os funcionários da montadora, que poderão retirar e devolver os automóveis, em caráter de locação, nas revendas autorizadas. De alguma forma, se o caminho for esse, muito provavelmente, a partir de um eventual sucesso da Operação Maven, as revendas autorizadas precisarão rever sua forma de trabalhar. Totalmente concebidas para e nos tempos em que pessoas compravam carro e levavam para casa, agora terão de se reposicionar para os novos tempos em que as pessoas alugam, usam e devolvem.

Nas metrópoles americanas onde a Operação Maven é um sucesso foram criados bolsões de automóveis, alguns multimarcas, em que os interessados retiram e devolvem os veículos alugados. Hoje a Maven está presente em 17 cidades americanas e deverá fechar este ano com quase 30 mil clientes. Nessa modalidade de uso de automóvel, a GM é líder de mercado, com quase 60% desse território.

Falando recentemente à imprensa sobre o Maven, Rachel Bhattacharya, diretora de mobilidade urbana e Maven da GM, disse que a adoção desse sistema representa uma resposta a três questões que orientam hoje os consumidores modernos e urbanos:

1 – Demanda de transporte como serviço e não mais como compra e propriedade; semelhante ao que vem sendo realizado com as plataformas tecnológicas, e o SAS (software as a service).

2 – Crescimento substancial das populações urbanas – hoje já são 28 megacidades em todo o mundo com mais de 10 milhões de habitantes. E esse número chegará a 41 cidades em 2020.

3 – Smartphone é a tela. Muito especialmente dos millennials, que no entendimento da GM constituem o grande mercado para o Maven – carro como serviço de transporte e não mais propriedade.

Quando vai terminar a reinvenção do negócio de automóveis? Impossível qualquer previsão. Tudo o que sabemos é que começou… E nunca mais o negócio de automóveis será como foi até ontem. Hoje, agonizante, a caminho da UTI.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)

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