Alê Oliveira

1. Enquanto a iniciativa privada, incluindo-se aqui empresários e trabalhadores, tem lutado além do normal para a retomada do desenvolvimento, o mesmo não se observa na administração política do país.

O embate entre o “nós e eles” foi reavivado e os movimentos de esquerda têm sido estimulados a vir para as ruas protestar contra o “golpe”.

Muito já se disse e escreveu sobre essa mistificação inaceitável a respeito da ideia de “golpe” e de “golpistas”, mistificação que tem levado muitos ingênuos e alguns interesseiros a rechaçar essas “intenções” da direita brasileira, que todavia carecem de sentido.

A maior parte da população brasileira, que tem se manifestado contra o governo de Dilma Rousseff, concedendo-lhe a esmagadora minoria, inferior a 10%, no quesito de aprovação do seu governo, não se volta a favor ou contra a esquerda ou a direita. A indignação é contra a roubalheira que se instalou nas altas esferas da administração pública, quebrando praticamente o país e obrigando o governo a aumentar brutalmente os impostos e taxas dos serviços públicos, causando em consequência a semiparalisação das empresas privadas e a demissão em massa dos empregados.

É essa perversidade que tem provocado os panelaços e os movimentos pacíficos de protestos nas praças públicas, muito diferentes daqueles orquestrados pelo setor chapa branca da nação, levando inclusive ameaças de luta armada contra os chamados manifestantes do bem, que nada mais querem do que ver o seu país recolocado nos eixos.

Se para isso, e também por causa de delitos em apuração nos tribunais, chegar-se ao impeachment da presidente da República, não se tratará de golpe, mas tão somente de cumprimento à lei.

Curioso é que os mesmos que se movimentaram nas ruas para depor Collor de Mello, através de um justo impeachment, alegam agora que esse mesmo instrumento legal é golpe.

Tem-se, pois, segundo a lógica do atual povo chapa branca do país, que o que valeu para um, não vale para a outra, muito embora as causas possam ser as mesmas.

Só no descompasso desse raciocínio, já se percebe de que lado está o golpe.

2. O Conar deverá revelar, nos próximos dias, a decisão do seu colegiado a respeito da atual campanha da Bombril, com destaque para o comercial “Comparação”, que ganhou grande visibilidade ao ser veiculado pela TV aberta e em canais a cabo, reiterando a força dessas plataformas em comparação com as mídias digitais (YouTube) onde o comercial iniciou sua peregrinação.

A questão, desta feita, é inversa: o universo masculino tem se queixado dos comentários das atrizes do comercial (Dani Calabresa, Ivete Sangalo e Mônica Iozzi), depreciativos ao homem.

Temos para nós que é tudo uma grande bobagem e que deve ter tido o seu início reclamatório entre a rapaziada que costuma brincar na internet.

A partir daí, houve adesões – sempre no intuito de prosseguir na conversa fiada – mas a coisa viralizou a tal ponto que chegou ao Conar.

Esse desfecho obrigou a Bombril a se manifestar publicamente, deixando claro que a campanha “Toda Brasileira é uma Diva”, da qual fazem parte vários comerciais – visa realçar o protagonismo da mulher, sem qualquer intenção de insultar ou mesmo humilhar o público masculino.

Já vimos esse filme antes, reconhecendo que a fórmula sempre dá certo ao provocar as manifestações contrárias e aumentar, em consequência, o volume das críticas.

Como a (má) política está na moda, cabe lembrar o que já dizia Adhemar de Barros, que foi prefeito e governador de São Paulo e que, felizmente, não conseguiu se eleger presidente da República. Seu mote preferido nas campanhas era “Falem mal, mas falem de mim”.

3. O que sempre reafirmamos neste espaço do propmark, o talentoso e consagrado Washington Olivetto disse e reafirmou recentemente em entrevista à imprensa: “Nenhuma mídia desaparecerá. Elas se convergirão”.

É o que ocorre em todo o planeta e em todos os mercados.

A pedra, primeira mídia que se tem conhecimento na História, ainda é usada pelo interior do Brasil para mensagens publicitárias de pequenos anunciantes locais.

Dessa mídia inicial para cá, passando por todas que surgiram, praticamente nenhuma desapareceu após adquirir o status de mídia de massa.

Saíram do mercado invencionices que não chegaram a ser consideradas dessa forma.

O mundo digital, a maior ameaça à mídia tradicional, segundo os que gostam de fazer previsões e não estarão mais aqui quando se constatar que elas não se confirmaram, é na verdade um prolongamento técnico do mundo analógico, com maior sofisticação e a possibilidade estimulante do acionamento instantâneo e personalizado.

Resultado: o que chamamos hoje de mídias tradicionais, tenderão a ser cada vez mais digitais ou próximas disso, com as digitais delas se aproximando para a necessária inteiração entre ambas.

Em termos de mercado, que é sempre o grande termômetro pelo qual se afere a importância de cada veículo e, inclusive, do seu segmento específico, todos sabemos que a tevê aberta prossegue na liderança, conferida não apenas pela audiência, como também pelos players que têm que dançar conforme a música.

Nesse particular, basta que se verifique para onde vão as fatias do bolo publicitário (verbas).

4. Merece destaque a campanha do Estadão em prol do mercado imobiliário, em boa hora idealizado pela Archote Publicidade, com a adesão imediata de outras agências especializadas desse importante setor da nossa economia.

Grandes imobiliárias e incorporadoras emprestaram seu apoio à corujinha símbolo da campanha, que exigiu um trabalho de fôlego dos seus idealizadores, para o estabelecimento de novos parâmetros de negociação de imóveis, apoiados pela disposição do jornal em recuperar o terreno que estava se perdendo diante da crise econômica ainda sem fim previsto e confiável.

Ameaçado de paralisação total, o setor sentiu-se estimulado pelo projeto e tem reagido, atraindo a atenção e o interesse do consumidor final.

Uma boa ideia, bem trabalhada e convincente para obter grandes apoios, sempre é bem-vinda.

*Diretor-presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark