Estarrecido, embora tendo nos últimos tempos tomado conhecimento das grossas bandalheiras praticadas por grande parte da nossa classe política, o povo brasileiro torce para que o presente ritual de passagem traga melhores dias para todos.

Não duvidamos que isso venha realmente acontecer. Quem ainda levanta dúvidas sobre esta possibilidade, imaginando o fim dos políticos, deve reorientar seu pensamento para a oportunidade ainda pouco visível, mas completamente possível, da faxina ora em curso colocar em pratos limpos a vida pública brasileira.

A democracia não está errada, o sistema tripartite também não, não há que se falar no fracasso do formato eleitoral que adotamos. O que necessitamos com urgência e começa a dar sinais de se impor, é o império absoluto da moralidade no trato da coisa pública.

Não adianta “desculpar” os atuais quadrilheiros que habitam os Três Poderes da República, com o velho e desbotado chavão de que sempre foi assim.

Pode até ser verdade, mas não devemos permitir que persista. Um grito uníssono de Basta! tem de percorrer a nação, para que possamos recomeçar nossa caminhada rumo a um futuro melhor ainda para nós e principalmente para os nossos descendentes.

Está em nossas mãos exigirmos que a história não mais se repita, a não ser como farsa. O mal não pode vencer o bem e, se até aqui essa assertiva foi-nos negada, chegou a hora da retomada.

Isso significa devolver o país para os cidadãos de bem e nada melhor para que isso rapidamente aconteça, do que começar pelo comando do país, pela classe política dirigente, que, salvo honrosas exceções, não tem mais condição de prosseguir fingindo inocência.

Apesar do estado de calamidade econômica em que ainda nos encontramos, a maioria dos brasileiros prossegue lutando por um país melhor, mais justo para todos. Há sinais de recuperação, a roda econômica vem acelerando seu movimento, embora ainda insuficiente para manter-nos de acordo com os nossos sonhos.

De qualquer forma, estamos saindo de grande recessão que nos atingiu e isso se vê claramente através da comunicação do marketing, sempre uma das primeiras pontas dos avanços econômicos a mostrar sua cara.

Os meios e suas plataformas aumentaram o volume de publicidade neles presente e a nossa esperança reside na conhecida herança brasileira de rápida recuperação.

Não nos iludamos, porém. O momento, que chegou depois de muito sofrimento, é propício para uma limpeza geral na classe política. Nas próximas eleições, o voto de cada eleitor valerá mais do que valeu até agora. Qualquer reflexão um pouco mais profunda e sincera sobre tudo o que passamos recentemente, leva-nos a um único culpado: o próprio povo brasileiro, que escolheu mal seus dirigentes, a maioria deles já com extensa folha corrida negativa no passado.

Por último: que ninguém tenha pena dos que vierem (e alguns já estão sendo) a ser punidos. Todos fizeram por merecer o julgamento em curso. Quando sentirmos dó, convém pensar nos que morreram por falta de recursos oficiais, desviados para grossas contas bancárias no exterior, para palácios e palacetes de alto luxo sem nenhum mérito de trabalho na sua aquisição, para farras de consumo absurdas como a do casal que deixou o Governo do Estado do Rio de Janeiro, e a tantos outros exageros de consumo e de exibicionismo, além de uma inexcedível ganância pelo acúmulo de riquezas.

 

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E a Odebrecht? O que vai acontecer com ela? A empresa, ou melhor, o grupo todo, deve continuar, para que mais trabalhadores não sejam dispensados e venham a engrossar a exorbitante quantidade de desempregados que a mídia diariamente noticia.

Mas, seus dirigentes, aqueles que se envolveram, direta ou indiretamente, nessa imensa prática criminosa disfarçada de empreendimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços, exportando inclusive know-how para o exterior, esses devem pagar muito caro pela sua desfaçatez, pelo seu atrevimento em mudar a própria finalidade de todo o vasto complexo empresarial, transformando-o em gigantesco parceiro do crime organizado.

Há outros grupos também envolvidos, que devem igualmente pagar pesado pelos seus erros, mas ao que tudo indica a Odebrecht foi a campeã indiscutível desse tipo de bandidagem. Uma espécie de corruptora insaciável, que acabou se transformando em uma academia de subornos, propinas e falcatruas.

 

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Uma boa avaliação do avanço nos segmentos econômicos cobertos por este jornal pode ser feita enumerando-se os eventos que voltam ao mercado com maior força que das vezes recentemente anteriores.

A décima edição da CowParade, sob o tema Uma viagem pelo mundo, com o patrocínio da Smiles, é uma demonstração da retomada. Como também é o tradicional almoço oferecido aos jurados brasileiros que atuarão no Cannes Lions este ano, que será realizado nesta segunda-feira (17), no Figueira Rubaiyat, reunindo, além dos homenageados, representantes da imprensa do trade e de outros segmentos do mercado da comunicação.

A iniciativa e a promoção têm o crédito do Grupo Estadão, desde há muito representante oficial do Cannes Lions em nosso país.

Podemos encaixar nesses exemplos, o lançamento do Marketing Best 30 Anos, promoção da Academia Brasileira de Marketing em parceria com a Editora Referência, que escolherá os melhores cases do marketing brasileiro dos últimos 30 anos. A cerimônia de entrega será realizada na noite de 4 de setembro, no Teatro Santander (SP).

 

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Este Editorial homenageia Marcello Queiroz, diretor de Redação do PROPMARK, que foi recentemente eleito Jornalista do Trade do Ano pela ABP (Associação Brasileira de Propaganda), durante a cerimônia comemorativa dos 80 anos da entidade, realizada no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro.

Marcello Queiroz, que se encontra em Londres, onde irá cobrir o D&AD, ficará no PROPMARK até o fechamento da edição dos 52 anos deste jornal, com data de capa de 22/05/17, partindo em seguida para um novo projeto profissional.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda