O velho adágio que afirma ser a propaganda a alma do negócio precisa mais que nunca ser lembrado e executado pelos anunciantes em geral e aqui incluído o governo em suas diversas configurações (federal, estaduais, municipais, autarquias e empresas de economia mista), para que os nossos níveis econômicos subam mais rapidamente os patamares que se traduzirão em maior confiança de todo o mercado. 

Sempre é bom lembrar que terminada a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a economia norte-americana estava depauperada, pelos esforços e investimentos do país em busca da vitória dos aliados. Cessado o conflito, o governo americano encomendou diversas campanhas publicitárias para veiculação imediata nos meios, conclamando a população a consumir, visto que a guerra já havia terminado, o que se refletiria em uma aceleração da economia no país.

Várias campanhas foram então feitas e veiculadas, não apenas de cunho oficial, como também outras com o engajamento de grandes anunciantes, que estavam paralisados na sua comunicação comercial devido ao conflito. Os historiadores da época relatam que aí residiu a principal causa da recuperação econômica do país, que devido a sua liderança reforçada pela vitória dos aliados na Segunda Grande Guerra influenciou os demais países do Ocidente a procederem da mesma forma, criando um clima ainda mais favorável (além da própria vitória dos aliados) para a recuperação econômica de todos.

É o que, a nosso ver, deve ser feito no Brasil e com urgência. Estamos saindo de um período de total descontrole econômico, que se traduziu em excesso de gastos para a vitória final do socialismo que não veio. Os estragos na economia porém foram gritantes, sendo o principal deles o recuo dos investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros aqui no Brasil, sob o receio de uma mudança de regime de governo, colocando a perder, se tal viesse a ocorrer, todos os esforços e valores despendidos pelos anunciantes em prol dos resultados dos seus negócios, muitos deles ainda em fase de planos.

Pois agora, com um novo governo – bom ou ruim, mas claramente capitalista – tendo assumido, é hora de pensarmos todos nesse incontroverso remédio da aceleração publicitária, que estimulará o consumo e fará girar a roda do progresso, como sempre nos ensinaram nossos mestres do passado, apoiando-se em resultados visíveis obtidos pelo uso em larga escala do arsenal publicitário. Não se diga aqui que as coisas mudaram, devido inclusive à presença hoje de uma alta tecnologia na comunicação, que pode não ser tão atraente e nem mesmo percebida por uma ainda razoável parcela da população brasileira.

De alguma forma, as campanhas otimistas, as boas mensagens publicitárias que o profissional brasileiro sabe criar como poucos (que o digam as últimas versões do Cannes Lions, no mínimo de 10 ou até 15 anos para cá, onde o Brasil tem se sobressaído como grande potência publicitária do ponto de vista criativo), contribuirão para que cessem as lamentações, dando lugar a um inegável estímulo ao consumo, única forma na atualidade de incrementar os negócios e assim valorizar a economia dos mercados.

Resta-nos neste editorial em defesa da publicidade um apelo ao presidente da República, para que libere as amarras que aprisionam as campanhas das empresas estatais e do próprio governo, mostrando, como sempre ocorreu desde quando o Brasil passou a acreditar no ferramental publicitário e, mais que isso, a criá-lo e produzi-lo com invejável competência, que a propaganda prossegue sendo a alma do negócio.

Recomendamos a S.Exa. uma simples atitude, caso desconfie dos bons efeitos de necessárias atividades publicitárias: os países de melhor economia do planeta são aqueles que mais e melhor praticam o uso do ferramental publicitário. Contrário senso, os mais pobres são aqueles que ainda não perceberam o valor intrínseco de um anúncio, quanto mais de uma boa campanha publicitária. A farsa de que os governos não precisam da comunicação publicitária foi derrotada ao cabo da Segunda Guerra Mundial e prossegue até hoje funcionando como um inquestionável e mais que necessário disparador e alimentador de negócios.

 

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Uma das qualidades intrínsecas do PROPMARK, que permite seja sempre um jornal novo a cada exemplar semanal, reside não só na busca de novos formatos em sua paginação, como também e principalmente na ampliação de novos meios para alcançar seus leitores, em um número cada vez maior. Assim é que nesta edição anunciamos o lançamento, nos próximos dias, do podcast, que em seu episódio de estreia discute Cannes, onde anualmente se realiza a Copa do Mundo da criação e produção publicitárias. Em obediência ao respeitável universo dos créditos que impera na publicidade, a produção do áudio do nosso podcast está confiada à Loud.

Tendo sido a agência brasileira de melhor pontuação na classificação geral do Cannes Lions 2019, a AKQA “emprestou-nos” Renato Zandoná, group creative director da agência, para abrir a série. Veja maiores detalhes à página 47.

 

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Outra novidade para o leitor reside na série inédita Giro no mercado by PROPMARK, com visitas às agências do nosso mercado, com a equipe de reportagem passando um raio X nas visitadas, com destaque para o setor criativo. A primeira delas, com material já recolhido, foi a SunsetDDB (SP), com publicação programada para a nossa próxima edição (data de capa 12/8).

 

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A B/Ferraz, com Bazinho Ferraz e Bob Wollheim à frente, promoveu na última quinta (1/8), o The New Communications Frontiers em sua sede, com gerentes e diretores de marketing de seus clientes falando sobre os seus créditos e débitos, com destaque para o novo momento da comunicação empresarial. O PROPMARK esteve presente e pôde sentir a força da iniciativa da B&Partners, além das novas empresas do grupo que serão detalhadas na edição deste mês da revista Propaganda, com direção de conteúdo do jornalista Pedro Yves e captação comercial de Mel Floriano.

 

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Ainda nesta edição, com chamada de capa, a importância do PR na nova forma de exercer propaganda, segundo o viés de algumas agências. Nosso editor Paulo Macedo ouviu publicitários a respeito, afirmando que nunca foi tão relevante ganhar mídia espontânea para as marcas, unindo propósito à informação.

Destaque também para a entrevista com Marcia Esteves, CEO da Grey Brasil, sobre o Fórum de Marketing Empresarial que o Grupo Doria e a Editora Referência promoverão de 23 a 25 deste mês, no Sofitel Guarujá, um evento anual que já se tornou tradição no mercado. Este ano, com a presença especial de Nelcina Tropardi, presidente da ABA e vice-presidente da Heineken.

Merece ainda registro a matéria sobre o Dia dos Pais e o olhar sobre a paternidade, atualmente mudado pela influência exercida pela publicidade nas campanhas alusivas à data. Um registro especial para Mario D’Andrea, presidente da Dentsu, agência que sob o seu comando tem apresentado melhores resultados, demonstrando uma vez mais a importância da força da experiência do comando.

Armando Ferrentini é publisher e diretor-presidente do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br).