Gradativamente, devagarinho, aos poucos, a crise vai indo embora. Um crescimento de 3% ou mais neste ano, dependendo dos resultados das eleições, um crescimento maior e mais consistente a partir de 2019. E, agora, que vamos nos despedindo do fundo do poço, alguns institutos de pesquisa e consultorias revelam fotografias tiradas no pior momento.

Tomara que, desta vez, tenhamos aprendido a lição. Tomara que, desta vez, ao emergir, o façamos com mangas arregaçadas e decididos, depois de 518 anos, a construir um país de verdade. Tomara que tenha caído a ficha ou brotado a consciência que nosso país é muito grande, rico e generoso – em si – para que continuemos a confiá-lo nas mãos incompetentes e inescrupulosas. Bandidos! Tomara que tenhamos criado vergonha e juízo. E essas pesquisas registrando todos os contorcionismos e mágicas que a maioria dos brasileiros vem precisando fazer nos últimos três anos, para sobreviver com um orçamento mega-apertado.

Com um dinheiro que praticamente não existe. E, assim, como decorrência, segundo pesquisa da McKinsey, três em cada quatro brasileiros mudaram seu comportamento de compra nos últimos anos. Comprando menos, em quantidade; um ou dois degraus abaixo no tocante à marca.Um terço abriu mão dos locais tradicionais e preferidos para as compras, provisoriamente, migrou para lugares relativamente próximos, mas com produtos e marcas de ticket menor.

Daí o sucesso efêmero e provisório dos atacarejos. Mais adiante, quando a crise passar, o atacarejos voltarão às origens, fornecendo para pequenos estabelecimentos comerciais e ambulantes em geral. Dois em cada três brasileiros passaram a dar uma atenção maior às etiquetas de preço. Com isso, as compras demoraram um pouco mais. Tornaram-se mais cansativas e entediantes. Um em cada quatro abriu mão das marcas preferidas, na expectativa de um reencontro mais adiante.

Consumiram com o coração apertado e a consciência intranquila. Felicidade zero. Mas, antes de partir, deram uma olhadinha nas marcas de confiança dizendo, quase como Drummond disse sobre o amor: “Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos…”, mas, quando der, volto a te buscar com a mesma emoção e maior felicidade. Um em cada dois passou a ficar mais atento, valorizar e frequentar com uma assiduidade muito maior do que antes, momentos de liquidações e promoções do varejo e do comércio eletrônico. Retornando para suas casas frustrados pelo constrangimento de compras quase que compulsórias. Um em cada cinco decidiu resistir.

Absolutamente incapazes de serem infiéis com suas marcas de preferência e do coração, se necessário, reduzem na quantidade, mas não abrem mão da marca em hipótese alguma. Optaram pelo sacrifício; mas, trair, jamais! E você, querido amigo e leitor, como você se reconhece, depois de três anos de secura e aridez? Mais alguns meses e teremos uma nova chance de reescrever nossa história e de planejar nosso futuro. Muito distante ainda de um sistema político moderno e compatível com todas as conquistas trazidas pela tecnologia, que provavelmente já estarão presentes nas eleições de 2022, mas é o que temos para este ano e no horizonte próximo. Nos últimos 100 anos ganhamos quase mais 40 de vida. Muitos de nós, portanto, como é meu caso, já se encontram nas horas extras decorrentes dessa conquista. Na chamada prorrogação. Não temos o direito, muito menos podemos errar novamente. Prorrogação com morte súbita… Vou procurar fazer minha parte, conto com você.