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Acompanhando com desalento os rumos da campanha política para a Presidência e a polarização configurada entre extremos de direita e esquerda, procurei usar as redes sociais para expor minha opinião, por uma opção mais moderada. Aliás, minha posição foi mais enfática contra a extrema-direita, líder das pesquisas até agora. Levei muita porrada virtual! Assustou-me a quantidade de “amigos” do Face que adotaram a direita como solução do país.

Mais do que direita ou esquerda, me assusta a defesa incondicional de um candidato linha-dura e desrespeitoso com valores que são caros à sociedade. No meu ponto de vista, um retrocesso absurdo! Passada a fase de estupefação, ao perceber essa adesão surpreendente, de cabeça fria, procurei analisar as estratégias de campanha. Tive de ir aos alfarrábios para resgatar os princípios de Goebbels, o polêmico, porém eficiente ministro da propaganda do Partido Nazista Alemão na época da Segunda Guerra Mundial.

Goebbels tinha 11 princípios para a conquista do poder. São eles:

1. Princípio da simplificação e do inimigo único. Simplifique, não diversifique. Escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem e concentre-se em um até acabar com ele.

2. Princípio do contágio. Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.

3. Princípio da Transposição. Transladar todos os males sociais a este inimigo.

4. Princípio da exageração e desfiguração. Exagerar as más notícias até desfigurá-las transformando um delito em mil delitos, criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”.

5. Princípio da vulgarização. Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.
6. Princípio da orquestração. Fazer ressonar os boatos até se transformarem em notícias sendo estas replicadas pela “imprensa oficial’.

7. Princípio da renovação. Sempre há que bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo de pensar, pois está sufocado por elas.

8. Princípio do verossímil. Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas contra o inimigo escolhido. O objetivo deste debate é que o receptor não perceba que o assunto interpretado não é verdadeiro.

9. Princípio do silêncio. Ocultar toda a informação que não seja conveniente.

10. Princípio da transferência. Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato se acresce com um fato que tenha acontecido antes.

11. Princípio de unanimidade. Busca convergência em assuntos de interesse geral apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los contra o inimigo escolhido.

Ao analisar cada um desses 11 princípios do gênio do mal Goebbels, fica fácil perceber os movimentos da campanha política em curso no Brasil e constatar que muitos marqueteiros políticos os têm com base para suas ações, comprovando sua eficácia estratégica ainda nos dias de hoje, quase um século depois da Segunda Guerra.

E a não observância de alguns desses princípios aparentemente faz com que alguns candidatos não tenham decolado. Por exemplo, o principal candidato do centro, detentor de um espaço privilegiado na propaganda eleitoral, não seguiu, de cara, o princípio número 1 de Goebbels, que é o de mirar um “inimigo” de cada vez, com foco e determinação. Claramente, os estrategistas desse candidato preferiram usar uma metralhadora giratória para tentar atingir outros candidatos rivais ao mesmo tempo. Longe de mim defender os princípios de Goebbels. É apenas uma constatação. Mas, infelizmente, é também uma constatação óbvia que esse é um jogo que exige estômago e nervos de aço. Quem não sabe brincar, não desce pro play.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da FENAPRO (Federação Nacional de Agências de Propanda)