Com um pouco mais de 10 dias para o fim do  primeiro turno das Eleições 2018, a população brasileira se prepara para eleger o seu novo presidente, governadores de estados, dois terços do Senado Federal, deputados federais e estaduais.

Dando continuidade a série especial do PROPMARK, que analisa as campanhas dos principais concorrentes à presidência da República, chegou a hora de falar sobre as estratégias do candidato do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), antigo PMDB, Henrique Meirelles, uma das figuras mais respeitadas da área financeira, no Brasil e no exterior.

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Apesar de uma trajetória bem-sucedida e de ter assumido cargos importantes como, por exemplo, a presidência do Banco Central e o Ministério da Fazenda, Meirelles, de 72 anos, não é um grande conhecido do público em geral. Um de seus maiores desafios, talvez, seja o de se apresentar ao eleitorado e mostrar o que já realizou na política entre os anos de 2002 e 2014.

Em suas campanhas, que vêm sendo financiadas pelo próprio candidato, Meirelles reforça que sempre foi o profissional chamado por governos anteriores para resolver os problemas do país e que sabe o que fazer para resgatar o espírito de confiança do brasileiro, além de tentar construir um Brasil mais forte.

Para Paulo Renato Oliveira, diretor criativo da Action Labs, a campanha tem construção temática e estética muito boas. “O posicionamento com relação aos governos Dilma e Lula é inteligente, associando-se aos aspectos de crescimento econômico do período, mas dissociando-se do governo com frases como: ‘Eu nem votei em Lula’. O que mais chama atenção na campanha de Meirelles é a franca intenção de consolidar uma imagem, mais do que de eleger-se presidente. Isso fica claro nas frases de ação que em propaganda chamamos de ‘call to action’, aquelas frases que dizem ‘compre’, ‘vote’, ‘cadastre-se’, que levam o consumidor a agir. Este tipo de frase condicional não é usual em propaganda, que deve ser impositiva. Em termos de comunicação, seria um erro. Mas considerando-se o objetivo mais amplo de carreira do Meirelles, é compreensível. Como ele afirma em um dos programas: ‘Posso até perder seu voto, mas prefiro ganhar seu respeito'”, reflete.

Com pouco tempo de discurso na televisão, Meirelles abraçou as redes sociais. Com a hashtag #ChamaOMeirelles, o candidato conseguiu dar uma continuidade consistente a mensagem e ao posicionamento que vem adotando. Segundo dados da Airfluencers, Meirelles foi o campeão de publicações no Twitter nos últimos três meses. Seu perfil registrou 2,5 mil tuítes nos últimos 90 dias.

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Mas foi com a criação de diversos memes que o candidato ganhou mais mídia e chamou a atenção do eleitorado. A página ‘Henrique Meirelles Memes’, no Facebook, possui cerca de 20 mil seguidores e foi criada por estudantes para tentar impulsionar a candidatura do ex-ministro.

“Um candidato precisa saber atrair a atenção da mídia e virar assunto de boteco. Esta é uma especialidade de candidatos como o Bolsonaro, Enéas Carneiro e tantos outros. O uso de memes, e o divertido nome “Memeirelles”, é uma tentativa de contornar a falta de visibilidade e, ainda que o material seja de gosto duvidoso, o fato é que a estratégia está sendo vista e discutida, o que é um ponto positivo. O ponto negativo é que os memes poderiam ter sido melhor realizados, interagindo melhor com a personalidade do candidato”, comenta Oliveira.

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Ainda segundo Oliveira, para ganhar votos, Meirelles precisa dar mais ênfase aos seus discursos, entrevistas e debates televisivos. “O candidato tentou pautar todas as discussões por sua área de domínio, a economia, e procurou evidenciar sua, até agora, única proposta de geração de 10 milhões de empregos. E, na esteira disso, apresentar seu currículo. Este conjunto de economia, empregos e competência comprovada tem sido a estrutura básica do discurso de Meirelles, e é um bom caminho para consolidar sua imagem. Mas para ganhar votos precisaria de mais ênfase e um tom de voz mais adequado à urgência das medidas que precisam ser tomadas. É isso que as pessoas estão esperando”, revela.

O programa de governo de Meirelles, chamado de Pacto pela Confiança, tem cinco prioridades: Brasil Mais Forte; Brasil Mais Justo; Brasil Mais Integrado; Brasil Mais Humano; e Brasil Mais Seguro. Esta é a segunda vez na história do país, pós-redemocratização, que um ministro da Fazenda tenta se tornar presidente da República. Mas será que o candidato possui chances de se eleger, já que atualmente possui 1% das intenções de voto?

“É improvável que haja tempo suficiente para que a campanha cresça a ponto de ir para o segundo turno. Mas o principal ativo a ser acumulado é o ganho de visibilidade e a construção de conexões com o eleitorado. É isso que tem valor para o futuro”, finaliza Oliveira.

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