Este último bimestre do ano é marcado pela intensa tarefa de planejar um novo período. É também o momento de lamber as feridas de um ano difícil e tirar o máximo do suco que ainda resta.

A dificuldade agora é a de interpretar adequadamente o que vem por aí. Estamos a menos de dois meses de um novo ano, mas não um ano qualquer.

O Brasil passou por um período de quatro anos realmente desafiador – para dizer o mínimo. E agora acaba de viver os efeitos de uma democracia plena. A polarização entre duas vertentes antagônicas, representadas pelos candidatos finalistas à corrida presidencial, gerou embates extremos, provocando animosidades entre irmãos e vizinhos, amigos e familiares.

Mas, apesar de tudo, valeu! Até então anestesiados pela sucessão de problemas que assolaram o país, os brasileiros acordaram e exercitaram sua cidadania sob o manto supremo da democracia.

Alguns passaram do ponto, é verdade. Mas é melhor que seja assim do que a apatia, a alienação ou a paralisação da desesperança.

É melhor assim, com todos – candidatos e eleitores – tendo liberdade para se expressar e debater seus pontos de vista. Passado esse período conturbado, o quadro que se apresenta é, sem dúvida, mais alvissareiro. Você pode até não estar totalmente satisfeito com o resultado das eleições, mas uma coisa é certa: é melhor isso do que o período de incerteza e desesperança que estávamos vivendo.

Os primeiros passos dos novos governantes têm provocado reações positivas no mercado. Bolsa em forte alta, dólar em baixa, inflação comportada, balança comercial equilibrada…

Enfim, índices macroeconômicos animadores. Mas boa parte dos gestores de empresas privadas ainda está com um pé atrás, esperando os próximos movimentos dos eleitos e a concretização de um novo clima para negócios.

O quadro é positivo o suficiente para
gerar esperança, mas ainda de cautela e desconfiança quanto à efetivação plena dos planos e projetos prometidos em campanha.

E é nesse clima que você vai planejar o próximo ano. Como está a sua bola de cristal? Você vai projetar um país com crescimento acima de 3%, como preveem os economistas mais otimistas. Ou vai ser mais cauteloso? É essa interpretação que ditará o ritmo dos negócios desse novo período.

Sabemos do efeito dominó virtuoso quando prevalece um clima de otimismo. As empresas tiram seus planos de investimento da gaveta e geram uma reação em cadeia, provocando uma movimentação positiva na economia.

Além da formação de uma boa equipe, uma das tarefas mais importantes dos novos governantes é a de provocar uma onda de confiança por tempos melhores.

É a hora de uma boa comunicação, sustentada por fatos e atitudes concretas e consistentes. Caberá ao governo pavimentar o caminho da retomada do crescimento. E a comunicação cumpre um importante papel nesse momento. É preciso fazer as empresas acreditarem em tempos melhores e destravarem seus projetos.

Daí para frente, todo o ecossistema de comunicação e marketing é beneficiado. Sabemos o quanto propaganda e marketing, de uma maneira geral, se ressentem de épocas de crise. Diminuições de budget dessas áreas geraram reações em cadeia, com um doloroso processo de downsizing que permeou agências, veículos e demais players do setor. De qualquer maneira, os que sobreviveram, num processo darwiniano, estão mais fortes, mais resistentes, preparados para a luta.

Mas chega de perrengue! Agora deve ser a vez da esperada bonança. Sabemos que nada vai ser mais fácil. Os negócios não vão cair no colo. Será preciso colocar em campo os melhores jogadores para jogar um jogo num novo campo, sob novas regras. Mas o simples fato de se dissiparem as nuvens negras no horizonte, já é um alento.

Vamos acreditar! Planeje a esperança! Planeje o crescimento! Planeje a volta de dias melhores! Se você acredita, acontece!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)