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Não é de hoje que nós imaginamos um futuro onde a tecnologia e a humanidade se encontram em confronto. Robôs ou inteligência artificial contra humanos: um embate que já imaginamos muitas vezes. Agora, no SXSW, ele pareceu estar começando – mas de uma forma bastante diferente do imaginário de Hollywood.

Como poderia se esperar de um festival de inovação, o SXSW trouxe muita coisa nova. Ao passar pelos espaços de fabricantes, foi possível encontrar de tudo: de máquinas que automatizam produção caseira de sorvete ou cerveja e impressoras 3D que imprimem sushi ao cachorrinho Aibo, que sabe interagir com humanos imitando tudo o que esperamos de um cão de verdade, e outras opções de robôs que sabem analisar nossos traços para interpretar nossas emoções.

É verdade que o que foi apresentado na SXSW pode ainda estar um pouco longe da casa dos consumidores no geral, mas vale lembrar duas coisas. Primeiro que, se estão no evento, é porque são apostas fortes para o futuro. E segundo, que não precisamos ir tão longe para encontrar tecnologias assim.

Na verdade, basta olhar para seu celular. É muito provável que você tenha ao alcance das suas mãos tecnologias como a Siri ou a Google Assistente, inteligências artificiais prontas para ajudar você de forma personalizada, identificando hábitos, voz, rosto. E aí entra uma pergunta que as pessoas têm começado a se fazer com frequência: até que ponto confiamos na tecnologia?

Veja bem, não estou dizendo que devemos abrir mão da tecnologia, mas por mais que tudo isso seja criado para facilitar nossas vidas, traz impactos que muitas vezes não imaginamos. Uma pesquisa realizada no Brasil pelo Indicador de Confiança Digital (ICD), no final de 2018, indicou que os brasileiros já não confiam tanto na internet.

Nesse sentido, o SXSW levantou um ponto importante para a discussão: humanização. Lá ficou claro que o desenvolvimento tecnológico precisará andar junto com processos, serviços e produtos mais humanos – não por coincidência, esse mês a Copenhagen Pride anunciou Q, a primeira voz para inteligências artificiais sem gênero.

Esses movimentos (junto com muito que foi mostrado no SXSW) nos mostram que por mais que nossas relações se tornem mais digitais, nós ainda precisamos de algum tipo de contato humano. Nós não poderemos trocar humanidade por tecnologia, mas garantir que ambas caminhem juntas.

A discussão agora é como empresas em todo o mundo irão responder a isso. Como desenvolver produtos, serviços ou campanhas que sejam cada vez mais inovadores sem perder a essência do que faz nos sentirmos humanos? Minha aposta é que provavelmente descobriremos que existe mais de uma forma de fazer isso e aqueles que conseguirem já estão um passo na frente em direção ao futuro.

Ana Carolina Garini é Gerente Sênior de Marketing, experiência em Marketing Digital, Comunicação e Planejamento Estratégico da OLX