Inovacão faz parte da nossa indústria. Porém, o modelo de negócio de nossa profissão não se altera há muitas décadas no Brasil. Selecionei dez atitudes para 

a inovação nas agências. Praticamente basta você fazer o contrário do que é o comum hoje.

1 – Se os clientes reclamam da pouca transparência na remuneração das agências, crie uma agência com um sistema bem claro, que mostre o que é custo e o que é receita da agência. Tente aumentar seus ganhos por performance. É um bom começo.

2 – Se as houses estão se espalhando no mercado, crie uma agência que encontre uma forma de trabalhar harmonicamente com elas. Afinal, criar já não é algo exclusivo de agências, porém, em alguns momentos de extrema excelência, é fundamental ter uma ótima agência por perto. Ser parte de algo bom é melhor do que estar fora de tudo.

3 – Se a juniorização é um dos grandes problemas do mercado, crie uma agência que tenha sempre um time sênior, bem remunerado, faminto e estratégico. E tenha por perto gente jovem talentosa e diversificada para seguir junto. Provavelmente seu cliente vai valorizar muito isso e aceitar pagar um adicional por esse trabalho “world class”. Para manter esse time é preciso muita cultura interna e empatia.

4 – Se o alinhamento internacional de contas muita vezes limita as possibilidades do marketing dos clientes, crie uma agência que também possa trabalhar por jobs. Assim você vende a estratégia, a solução e
a criatividade, e a empresa alinhada executa o trabalho nas mídias. É melhor fazer parte da solução do que ficar reclamando de como o mercado se transformou nos últimos anos.

5 – Alguns clientes reclamam que as premiações acabam por drenar recursos das equipes que atendem as contas. Ora, basta criar uma agência que só inscreve o que sai na rua. Que não sobrecarrega as equipes e fornecedores. Provavelmente essa agência vai ganhar menos prêmios do que outras. Mas o valor de cada um será maior. Quantidade é commoditie e o nosso negócio é qualidade. A Droga 5 foi vendida por um valor exorbitante, só com trabalhos reais. Muito provavelmente existem agências mais premiadas que a Droga 5, mas que não valem tanto.

6 – Se um dos grandes problemas do mercado é encontrar agências com gente hiperqualificada, crie uma agência que trabalha com core-squads. Monte squads hiperqualificados que realizam um job recebendo curadoria do time sênior envolvido com a conta. Você não consegue contratar o melhor especialista do mundo sobre um assunto por um ano, mas, por um mês, vai ser bem possível. Saiba mais sobre a cultura Gig.

7 – Se uma das reclamações do mercado é a fórmula pronta das campanhas de comunicação, os pacotes, crie uma agência que consiga apresentar a solução, independentemente da mídia. Uma agência Media Agnostic. Se for uma campanha de TV, ok, se for apenas uma ação, ok também. Para fazer isso, seu modelo de remuneração deve ser diferente, e seus custos completamente sob controle.

8 – O mercado reclama da falta de comprometimento. Crie uma agência que aceita as mesmas metas do departamento de marketing como índice de remuneração. Você divide as metas, as responsabilidades e os louros da vitória.

9 – A excelência do mercado de publicidade está concentrada em São Paulo. Muitos clientes regionais não querem abrir mão de suas agências locais por ‘n’ motivos. Abra uma agência que crie projetos, como uma consultoria, e esses projetos podem ser tocados e executados com as agências locais desses clientes. É diferente, né?

10 – Os clientes estão um pouco cansados da ansiedade sobre quais dados usar e em quais confiar. A cada dia aparecem ferramentas diferentes, que prometem ser mais eficientes. Ofereça ao mercado uma agência que seja mestre em dados. Sem esquecer da empatia, da confiança, da dedicação e da busca pela solução dos problemas. Aonde o data vira tada!

Inovação não é difícil. Tá aí. É só colocar pra fazer.

Flávio Waiteman é sócio e CCO da Tech and Soul (flavio.waiteman@techandsoul.com.br)