Você cansou-se de ouvir que caminhávamos para o fim da intermediação. Que os que viviam comprando para vender estavam com os dias contados. E os dias, meses, anos passavam-se e permaneciam mais fortes do que nunca.

Permaneciam. Agora tremem e quase agonizam. Até mesmo os bancos – quem diria – começam a se coçar. E o que mudou e tornou possível, finalmente, a desintermediação é o digital. No analógico, é quase que impossível aproximar-se quem estava querendo de quem dispunha ou quem estava precisando de quem tinha sobrando. Agora, mais que possível, uma realidade.

Airbnb e Uber são os dois exemplos mais consistentes e eloquentes dessa nova realidade. Meros aplicativos que, à semelhança de bombas atômicas, colocam em polvorosa megacadeias hoteleiras e os milhões de taxistas mundo afora. Pura e simplesmente constituem-se em atalhos. Nada mais que isso. Mas, pelos cálculos de quem metrifica o digital, negócios que valem muitos bilhões de dólares.

O Airbnb, como todos imagino já saibam, aproxima quem precisa se hospedar em qualquer lugar do planeta de quem dispõe de espaço para alugar em qualquer lugar do planeta. Criado diante de uma oportunidade/necessidade por dois arquitetos e um designer, em novembro de 2008, na cidade de São Francisco, Califórnia, oferece mais de 500 mil espaços para locação em 35 mil cidades de 192 países. Presente em mais cidades, mais países e com mais ofertas que a soma das principais redes hoteleiras. Criado em uma única noite, vale hoje mais de US$ 10 bilhões.

O Uber, que também imagino todos já conheçam e alguns usem, aproxima quem precisa de transporte de quem se dispõe a prestar esse serviço. Fundada em 2009 por Garett Camp e Traves Kalanick, também em São Francisco, originariamente concebido para pessoas que queriam um “táxi” de luxo e quem dispunha de Mercedes S550 e Escalade e dispunha-se a prestar esse serviço. Hoje, presente nas principais cidades e metrópoles do mundo e avaliado em US$ 18 bilhões.

Agora chegou a vez dos espaços corporativos. Inspirado no Airbnb, nasce em Nova York, pela iniciativa de uma australiana, Sharona Coutts, e um mexicano, Fernando Santana, o Spairechair – “A community for coworking. A Market place for workspace”. E convida a todos: “Let´s Work Together”.

Isso mesmo, hoje sua empresa pode ter um endereço em New York City, ou nas principais cidades do mundo, pagando por hora, dias, semanas ou mês. E só pagando pelo uso. Do outro lado, empresas ou profissionais com espaço em excesso e sobrando, querendo ter uma renda adicional ou reduzir despesas, e mais que dispostos a compartilhar.

Assim, e finalmente, aconteceu. Agora é para valer. Caminhamos inexoravelmente para a desintermediação. E, durante uma ou duas décadas, a mola propulsora serão os atalhos. Hoje, ao lado dos varejistas, dos atacadistas, de todos os istas conhecidos, surge um novo ista. O atalhista. O agente que faltava para destravar o processo de desintermediação. Prosaicos, singelos e devastadores aplicativos.

*famadia@mmmkt.com.br