A vida dos chefs nunca foi fácil. Tenho comentado sobre este assunto com insistência pelo apreço, admiração e apetite que tenho pela cozinha de qualidade.  Mas, a vida dos chefs não é mole. Muito pelo contrário. Só se mergulha nessa maluquice – exclusivamente – por paixão. E nem todos retornam do mergulho…

Não conheço um único chef que tenha enriquecido. Conheço dezenas que faliram, centenas que não passaram de poucos meses em um primeiro e único restaurante, e no máximo uma dúzia que consegue ganhar algum dinheiro e ter uma vida equilibrada. Apenas equilibrada. E assim, para continuarem fazendo o que gostam, vão se virando nos 30, 40, 50, 1.000 expedientes e derivativos.

Em recente matéria da GQ, em sua seção de culinária, exemplos dos “se vira nos 30 e derivativos”. E mesmo depois de ler as histórias, e puxar uma calculadora, o gosto amargo de uma relação entre custo e benefícios desproporcional. Acabam tendo que cobrar muito e o que sobra é muito… pouco. Mas é assim. Se seu filho considera abrir um restaurante… Prepare-se para sofrer junto. Vai descansar trabalhando…

Alain Poletto, ex-sócio de Alex Atala, ex-consultor do Pão de Açúcar, comanda a cozinha daquele que talvez seja o restaurante da Pauliceia mais bem-sucedido, o Bistrot de Paris – mais bem-sucedido de público, não necessariamente de crítica – onde dá expediente de terça a domingo. O que fez Alain? Reformou seu apartamento e recebe grupos de 15 pessoas onde cada um desembolsa R$ 1 mil para uma noite de conversas e histórias, mais coadjuvar nos preparos, e outros R$ 250 pelo que será servido. Cada um leva sua bebida. Renata Vanzetto, do Ema, por R$ 10 mil prepara eventos particulares para quatro pessoas.

Claude Troisgros, com sua fala carregada de erres do “Que Marravilha!” no GNT, dá expediente no Olympe, CTs Boucherie e Brasserie e Trattorie, todos no Rio, e ainda, com os filhos. Comanda o Buffet Atelier Troisgros, para eventos com um mínimo de 50 pessoas com o compromisso de sua presença. Erick Jacquin oferece-se para eventos na casa das pessoas – de preferência quatro pessoas – onde prepara a comida e dá dicas de roteiros gastronômicos pelo mundo, em especial pela França, com um couvert básico e inicial de R$ 8 mil.

Janaina Rueda vive anos de glória com seu Bar da Dona Onça no térreo do Copan, mas também tem o Dona Onça Casa. Eventos para pequenos e grandes grupos – feijoada para até 500 pessoas – e sempre churros com doce de leite na sobremesa. Preços sob consulta. E Bel Coelho, que criou o seu Clandestino – pequeno sobrado na Vila Madá, onde recebe 20 pessoas duas vezes por mês. Recentemente fechou seu restaurante Dui, e prepara-se para um programa no canal Discovery…

Cansou…