Com o Carnaval ocorrendo mais cedo este ano e o governo federal dando sinais de que começa a entender que deve ser protagonista na recuperação econômica do país, a esperança de melhores momentos para todos os brasileiros tende a se tornar realidade brevemente.

Já se nota um ainda pequeno movimento nesse sentido, muito mais por parte da iniciativa privada, que vem percebendo de há muito a importância de sair do desânimo ao qual foi jogada, por toda a história recente que já conhecemos.

É inegável, porém, que nos últimos dias a presidente Dilma Rousseff tem procurado ser menos raivosa e mais serena, ouvindo e dando voz a quem vive mais de perto a realidade do país e consegue trazer luzes a quem cabe decidir.

Alê Oliveira

Neste seu novo momento de governar, algumas atitudes ressaltam como reveladoras de mudanças e aqui podemos citar pelo menos duas que lhe proporcionarão tornar mais leve sua missão – o que beneficiaria por consequência a população brasileira – caso delas não desista tão cedo. A primeira é ouvir e até mesmo receber menos os conselhos do seu criador político Lula da Silva, a quem talvez interesse impedir que se habitue a acertar.

Outro comportamento que se nota na presidente de uns tempos para cá é ter deixado em segundo plano a atuação pessoal do marqueteiro político João Santana nas suas decisões.

Santana é reconhecidamente competente naquilo que faz do ponto de vista profissional, mas o país precisa primeiro reconstituir-se para depois valer-se do ferramental do marketing político, que tem se mostrado mais enganoso do que poderia ter de verdadeiro, atuando em prol de governos e candidatos no Brasil.

E é justamente a enganação que a presidente Dilma Rousseff deve evitar. Já ultrapassou 25% do seu segundo mandato e é chegada a hora de batalhar para que seu nome fique na história do país de forma relevante.

Se quiser um exemplo do que não deve ser, basta mirar-se no senador Collor de Mello quando ocupava a sua cadeira.

O uso do marketing político por ele deveria ter cessado a partir do instante em que tomou posse, mas, vaidoso, preferiu continuar se utilizando do ferramental, já no desempenho das suas responsabilidades no mais alto posto do país, e os que viveram aquela época e continuam vivendo bem sabem quanta bobagem foi dita e feita.

Desde a sua posse até a renúncia, que só ocorreu para evitar o impeachment e suas consequências, Collor foi um boneco de ventríloquo, com desempenho medíocre na arte e importância de governar, procurando sempre o caminho das aparências do que o da realidade, para o qual, diga-se, não estava preparado.
Deu no que deu e não foi apenas desalojado do poder por obra dos petistas, como hoje se quer fazer crer. Caiu por ele mesmo, seus erros e sua crença de que cortinas de fumaça são biombos seguros para proteger ausência de capacidade inerente ao cargo.

Seu desempenho hoje como senador da República – e é incrível que tenha conseguido novamente se eleger para um alto cargo como o que ocupa – beira o sofrível, não tendo conseguido sequer se afastar de práticas em nada altruístas.

É a história política desse ex-presidente da República e hoje senador que a presidente Dilma Rousseff deveria considerar, para fazer se possível tudo ao contrário, ou ao menos não repetir a extravagância do marketing político por ele utilizado.

Governar é diferente de se candidatar. Aqui um bom profissional de marketing político pode ajudar seu cliente a vencer as eleições.

No governo, o que se exige não são mais aparências, promessas e planos na maioria das vezes abandonados na hora da posse.

Governar é muito mais que vencer as eleições, para o que a presidente disse durante a campanha que faria o diabo. Pode até ter feito – o que de qualquer forma é condenável –, mas não pode continuar fazendo.

Ao que parece, a presidente Dilma Rousseff tem se convencido disso e procurado cercar-se de pessoas capazes e bem-intencionadas, no sentido de aproveitar o tempo que ainda lhe resta, e que é grande considerando-se o impeachment como ultrapassado, para entregar o Brasil ao seu sucessor em uma situação menos deplorável do que a atual, ou ainda, se ela realmente estiver disposta a isso, em uma condição de governabilidade que já proporcione bons frutos antes mesmo de deixar o poder.

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O mercado publicitário dá sinais de recuperação, ainda que lentamente.

O mais importante é constatar-se que o pior já passou, embora deixando grandes estragos, como a imensa massa de desempregados espalhados por todo o país e milhares de pequenas e médias empresas encerrando suas atividades por absoluta falta de condições para sobreviver.

Se ainda é cedo para um balanço sobre os prejuízos dessa crise política e econômica que atravessamos e acreditamos encontrar-se no seu derradeiro capítulo, nos é permitido perceber um ano melhor pela frente.

Nada exagerado, nada que nos faça de repente subir ao paraíso. Mas, só o fato de parar de cair, segundo alguns experts, já é um alívio.

Cabe a cada um de nós acreditar.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda – aferrentini@editorareferencia.com.br