Alê Oliveira

Henrique Meirelles, secretário da fazenda do estado de São Paulo, proferiu na manhã dessa terça-feira (26) uma palestra na ESPM. O ex-ministro abordou o tema “Como as políticas monetária e tributária influenciam no consumo das famílias”.

Após apresentação de Dalton Pastore, presidente da ESPM, Meirelles, que foi candidato à presidência em 2018, contou um pouco de sua carreira no mercado financeiro sob a ótica do marketing e do consumo. Relatando sua primeira grande experiência no marketing, o executivo, que foi presidente global do BankBoston, relembrou quando lançou uma campanha focada no grande plano de expansão para o banco no Brasil.

“Queríamos atingir pessoas que chamávamos de upscale personal”, recorda Meirelles relembrando quando o BankBoston quis atingir o grande público. “Resolvi aproximar o banco dos clientes e ao mesmo tempo manter o tom, o charme, a origem, a solidez de um banco da nova Inglaterra. Lançamos uma grande campanha que era ‘Sinta-se em Boston, Sinta-se em casa””, conta.

Num primeiro momento, as pessoas não se sentiam em casa, mas as imagens da campanha mesclavam paisagens de Boston com a Baía de Guanabara, Avenida Paulista, etc. Além da campanha, Meirelles mudou todo o interior das agências e focou em madeiras mais claras do que as originais de Boston. “A pessoa entrava e pensava: de fato, me sinto em casa”, relembra.

Alê Oliveira

O executivo destacou também que o êxito da campanha – posteriormente, o BankBoston foi eleito seguidamente o preferido do público – só foi possível, pois todos estavam preparados para a iniciativa, inclusive os colaboradores. “O maior ativo do banco é o funcionário”, comenta. Aliás, Meirelles ressaltou que uma boa empresa deve priorizar o funcionário, um bom marketing e um bom serviço.

Depois da palestra, Meirelles fez um pequeno debate com os professores e economistas Cristina Helena Pinto de Mello e Leonardo Nelmi Trevisan. Na pauta, claro, o atual momento do país. Uma das questões feitas ao ex-ministro da fazenda do governo Michel Temer foi: quais as perspectivas da economia para 2019?

Segundo Meirelles, é essencial que a economia reconquiste empresários e consumidores. “No fundo, a palavra é uma só: confiança. Os empresários têm que acreditar para poder contratar pessoas, o consumidor precisa acreditar que pode consumir, mesmo que seja no crediário, e não perderá seu emprego no futuro”, afirma.

Mas Meirelles fez um alerta: “No dia em que eu assumi o Banco Central a confiança deu um salto. Se eu não cumprisse o que prometi, a confiança ia cair”. Para Meirelles, que presidiu o BC entre 2003 e 2011, é preciso cumprir as promessas para que o mercado sinta confiança e invista.

Entre outras medidas, uma das mais urgentes, segundo o economista, é aprovar a reforma da Previdência. Perguntado se não teria sido mais efetivo criar uma reforma tributária, Meirelles disse que concorda com sua importância, mas “é preciso primeiro de fato fazer a previdência”.