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Identificar tendências pode ser uma ‘chave de ouro’ para fazer um negócio dar certo ou para o lançamento de um produto conquistar o mercado de forma definitiva. Pensando nesse processo de pesquisa e investigação do futuro, a WGSN apresenta um estudo chamado “The Anatomy of a Trend”, que identificou, também, a força do movimento wellness.

De acordo com o The Global Wellness Institute, o mercado de bem-estar movimenta US$ 3,7 bilhões atualmente. Entre os múltiplos modos como esse estilo de vida impactou os negócios, a indústria da moda, por exemplo, recebeu um aumento de demanda por roupas de estética atlética. Peças inspiradas em esportes registraram um crescimento de 10% em 2016, contra um crescimento geral do mercado de moda de apenas 4%.

Outro setor que identificou crescimento foi o turismo de bem-estar, com hotéis apresentando espaços projetados para alívio de stress e qualidade de vida. Hoje, esse ramo ascende em torno de 14%. O mercado geral de turismo apresenta aumento de 6%.

Beatriz Modolin, WGSN Expert, falou ao PROPMARK sobre como funciona a identificação de tendências que mudam o mercado consumidor e insights sobre o mercado wellness.  

– Quando as marcas devem apostar nas macrotendências e quando elas devem entender as micros? Qual a diferença entre elas?

Macrotendências são tendências mais amplas que envolvem diversas manifestações. Elas tendem a ser mais representativas, duradouras e ter mais aderência. Elas, normalmente, têm um foco mais comportamental, dessa forma, devem ser utilizadas para pensar estratégias e produtos a médio prazo (aproximadamente 2 anos).

Já as microtendências são menores, mais imediatas, que se manifestam em grupos específicos. São mais imediatas e é aquilo que podemos apostar nesse momento. 

– Como diferenciar as tendências para saber se elas são passageiras ou se realmente vão mudar a vida das pessoas?

Quando a tendência representa uma mudança comportamental, ela tende a ser mais duradoura, já que ela representa uma mudança de mindset, estilo de vida e hábitos de consumo. As tendências passageiras acabam sendo mais ligadas a produtos. 

– Quais são os recursos utilizados para a identificação dessas tendências?

Na WGSN, utilizamos uma combinação de análises quantitativas, com foco em produtos, estoques e vendas, a fim de identificar diferenças em relação às temporadas anteriores, e também um enorme trabalho de pesquisa, que acompanha arte e cultura, comportamento de consumo, política, tecnologia e diversas outras variáveis que tenham impacto nos hábitos de consumo. 

Como as empresas podem investir na identificação de tendências?

Independente do setor de atuação da empresa, para manter um produto relevante no mercado, é preciso observar atentamente as mudanças de comportamento, atitudes e crenças dos consumidores. Vale destacar que as macrotendências podem durar anos e até décadas e identificá-las antecipadamente pode ser crucial para o potencial desenvolvimento das empresas.

O mercado de bem-estar tem crescido e diversificado a sua gama de produtos e serviços. Pelo excesso de oferta e investimentos nesse público, existe alguma queda prevista? É um modismo social passageiro ou vai se tornar um estilo de vida sustentável? 

Não acredito que o mercado de bem-estar terá queda nos próximos anos. É verdade que existe um excesso de oferta, mas à medida que essa tendência evolui, novos produtos vão surgindo para acompanhá-la. Se antes esse mercado estava muito mais focado em performance, hoje vemos uma preocupação com a saúde de forma holística, unindo saúde física, mental e espiritual, o que terá impacto em diversos setores. 

Para os próximos anos, enfrentaremos dois opostos, seja por meio da rejeição completa de modelos de dietas (no Pinterest, por exemplo, que sempre foi conhecido por boards de refeições para emagrecer e exercícios teve um aumento de 42% de pins relacionados a ‘anti-dietas’ em 2016), ou, em um outro extremo, as dietas super personalizadas, que se utilizam do DNA para indicação de alimentos específicos para aquela pessoa.

 Como as marcas precisam se posicionar para atender millennials e à geração Z?

A geração millennial é formada por nascidos entre 1981 a 1994, dessa forma, já estão inseridos e em grande parte bem posicionados no mercado de trabalho. Para atender esse público, é importante investir em experiências, participação, co-criação e conveniência.

Essa geração sempre foi associada pela busca de autossatisfação, estilos de vida despreocupados, mas na realidade, ao entrar no mercado de trabalho, os millennials rejeitaram o álcool e drogas em troca de uma vida saudável, reescrevendo as regras do faz uma vida social gratificante. De acordo com uma pesquisa de 2015 com millennials, cerca de metade deles mudaram seus hábitos alimentares para torná-los mais saudáveis

A geração que está ingressando no mercado de trabalho agora, a geração Z, composta por nascidos entre 1995 e 2010, e já tem um outro perfil. Empresas que quiserem atender esse público devem ter uma outra abordagem, que considere consciência coletiva, diversidade e eficiência.

As mulheres começam a se manifestar em relação aos padrões da publicidade, mas o movimento nas redes sociais com fotos perfeitas de pessoas reais pode substituir esses padrões? Ou realmente a tendência é que os padrões sumam e a diversidade ganhe força?

Podemos dizer que hoje vivemos um momento de auto-obsessão, onde as pessoas se preocupam muito com sua imagem. Existe uma obsessão em relação ao corpo, dietas e performance, seja no trabalho, nos esportes ou até mesmo nas redes sociais. No futuro, o contexto será muito mais de auto-aceitação, incorporação das imperfeições e busca pelo bem-estar individual, um movimento que chamamos de “Helthism”.