A atual crise político-econômica brasileira, iniciada há praticamente três anos, embora tenha dado vários sinais de que finalmente estaria se esgotando, promete agora entrar em declínio para valer.

Os principais personagens desse teatro de muitos atores estão sendo desmascarados e deixando o palco. O país vai aos poucos se recuperando da tragédia em que se meteu, por força de uma classe política que aprecia se desmerecer.

Não faltaram, nesse dramático enredo, empresários inescrupulosos, travestidos de campeões de um novo Brasil que na verdade se atrasava na história dos emergentes.

Algumas forças contribuíram de forma decisiva para que a esperança dos verdadeiros patriotas, aqueles que não esmorecem mesmo diante de grandes dificuldades, permanecesse com sua chama acesa, ainda que tênue.

Um a um não sobra nenhum, diz um velho adágio italiano. No caso brasileiro, ele tem se confirmado a cada semana que passa, tombando os ídolos de barro e devolvendo a fé àqueles que a tinham perdido, em decorrência de tantos e tamanhos descalabros.

Embora suspeitos para esse reconhecimento, pois pertencemos a ela, atrevemo-nos a indicar a mídia como uma das responsáveis pelo novo e bom momento que o país tem demonstrado atravessar.

E que seja duradouro, para que a reconstrução, tanto econômica como política, de fato ocorra e permaneça produzindo um Brasil melhor para todos.

E é essa mídia que será homenageada na noite desta segunda-feira (18), no auditório Philip Kotler da ESPM/SP, com a entrega do Prêmio Veículos de Comunicação aos meios e a um seleto trio de pessoas físicas que fazem do seu dia a dia uma luta permanente a favor da qualidade da informação e análise dos fatos: Silvio Santos, Walter Zagari e Jairo Soares.

Essa tradicional premiação é de iniciativa da Revista Propaganda, editada pela mesma Referência responsável pelo PROPMARK. Compondo-se o júri incumbido da escolha dos melhores, entre os mais indicados pelos profissionais de mídia das principais agências do nosso mercado, por membros da Academia Brasileira de Marketing, presidida por Francisco Madia de Souza, nosso mais antigo colaborador e autor de uma invejável coletânea de obras sobre marketing.

 

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A matéria de capa da presente edição do PROPMARK sinaliza para o fim de uma saudável divergência envolvendo anunciantes e agências. Com a consolidação do digital como importante e hoje indispensável ferramental de comunicação, que invadiu de forma irreversível o marketing e suas subfunções, quais os critérios que passariam a nortear os primeiros para a escolha das suas agências? E estas, para disputarem novas contas ou manterem as que possuem em suas carteiras, como se comportar nesse novo cenário?

Após todo o tempo já transcorrido desde o surgimento do digital e sua indispensável utilização na conquista dos consumidores, a tendência tem sido as marcas valorizarem agências com expertise tanto no offline como no digital.

Há um consenso entre os anunciantes, no sentido de que o universo analógico ainda é maior e por isso indispensável para as campanhas. Se no futuro isso vai mudar, como preveem muitos experts, colocando na berlinda o que é analógico, a questão deverá ser resolvida lá adiante, no seu devido tempo. Por ora, não se pode atingir os principais públicos-alvos de qualquer esforço de comunicação por parte dos anunciantes, sem o reconhecimento primário de que a fatia mais larga do universo ainda é analógica.

 

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Imperdível nesta edição a entrevista com Eduardo Simon, CEO da DPZ&T e oriundo da ex-Taterka. Ele fala sobre as transformações e os desafios dessa nova, grande e importante agência pertencente ao Publicis Groupe, que consegue manter sua fidelidade criativa, nos seus vários setores, ao princípio fundamental de atuação que fez tanto da DPZ como da Taterka, agências tão admiráveis a ponto de o Publicis Groupe lutar com denodo para adquirir lá atrás seus controles acionários e juntá-los em uma única agência. Isso sem perder o charme que sempre caracterizou a ambas.

A responsabilidade pela sedimentação desse conceito na nova DPZ&T, após o trabalho de ponte desenvolvido pelos antigos diretores de ambas, foi entregue a Edu Simon, que o desempenha com grande capacidade e um invejável reconhecimento pelo mercado.

 

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Chamamos também a atenção dos nossos leitores para a matéria destacando a importância da autorregulação publicitária, na geração de benefícios para os anunciantes.

Caio Barsotti, presidente do Cenp, distribuiu nos últimos dias ao mercado, três novas peças dentro da série Documentos Cenp, reunindo posicionamentos sobre a legislação e as normas de autorregulação que balizam a publicidade brasileira, estudos econômicos inéditos sobre o Modelo Brasileiro de Publicidade e uma coletânea de artigos intitulada O Futuro da Propaganda, de autoria do nosso colaborador Rafael Sampaio.

 

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Este Editorial é uma homenagem a Oswaldo Mendes, um dos pioneiros do segmento das agências de publicidade na região amazônica, que fundou e mantém em atividade crescente, há quase seis décadas, a Mendes Publicidade, em Belém do Pará. Leitor assíduo do PROPMARK desde os tempos de Asteriscos.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda