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O home office vem ganhando cada vez mais adeptos. Seja por necessidade ou por opção, trabalhar em casa é algo cada vez mais comum, principalmente para os publicitários. Pensando nisso, PROPMARK conversou com alguns deles para saber detalhes sobre a prática.

Para se ter uma ideia do poder do home office, um estudo recente encomendado pela Microsoft ao Ibope Conecta revelou que a flexibilidade de horário e a possibilidade de trabalhar de casa figuram no topo da lista de elementos que mais caracterizam um ambiente de trabalho moderno. O primeiro item é mencionado por 68% dos entrevistados, enquanto o segundo aparece em 62% das respostas.

Vantagens

As vantagens são diversas. A econômica é a mais óbvia. “Mas muitos donos de agência não se ligam que as finanças são apenas uma parte do custo. O volume de energia empregado em pensar na infra, nos processos, na cultura empresarial… Quando você se dá conta, está trabalhando mais para que os funcionários rendam melhor, não no que a agência está colocando na rua”, reflete Wagner Martins, ex-sócio da 301.yt que, atualmente, faz planejamento digital para diversas marcas.

“Desde que voltei para SP (há três anos), faço home office. Antes, o escritório era em Alphaville (passei sete anos por lá). Pela nossa infraestrutura enxuta e a dinâmica de trabalho […] foi uma escolha natural. Montei um escritório espaçoso em casa e recebo gente todos os dias por aqui”, explica Gustavo Giglio, sócio do Update or Die, comunidade de criativos de diversas partes do mundo.

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O site de Gustavo, aliás, é apenas um exemplo de negócio que funciona sem escritório. “Quando eu decidi por abrir minha agência, a Whatta, uma das motivações junto com meu sócio é que ela fosse totalmente officeless”, explica a publicitária Ariana Luz.

Outro que montou seu negócio e pensou no home office já na concepção da empresa foi Rafael Martins, CEO e cofundador do Share, escola de comunicação contemporânea. “Entendemos que precisávamos das pessoas realizando o trabalho, mas não necessariamente ao nosso lado, no mesmo ambiente”.

Já Karol Andrêis é fundadora da agência Babushka, uma empresa que funciona também sem escritório físico com colaboradores em São Paulo e Porto Alegre. “Temos nove anos, atendemos Nestlé, Gafisa, Meliá, P&G, Raízen, entre outras”, comemora.

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Outra vantagem mencionada por praticamente todos os entrevistados é conseguir se livrar do trânsito caótico para chegar ao trabalho.

Desvantagens

Além da campainha tocando, da caixa de areia do gato e da louça pra lavar, os publicitários enfrentam outros percalços: falta do contato com as pessoas. É uma reclamação comum para todos os entrevistados.

“Um briefing trabalhado e discutido por mais cabeças certamente faz a entrega final ganhar em qualidade”, explica Wagner. “Na Whatta a gente tenta sempre marcar alguns dias de happy hour ou algum encontro com todo mundo para manter essa ligação”, menciona Ariana. Rafa Martins, aliás, faz algo parecido: “sempre marcamos reuniões fora, incentivamos a equipe a participar de eventos, cursos, não necessariamente nossos, pois entendemos que este contato e esta troca também são vitais”.

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Mas não é o único problema. Muitos clientes ainda não confiam totalmente no home office. “Demora para o pessoal entender esse novo modelo, há preconceito, falta de respeito com inovação mesmo”, revela Karol. Wagner engrossa o coro: “muitos ainda precisam ver algo ‘físico’ para confiarem no profissionalismo”.

A vida pessoal também pode sofrer com a escolha do home office. Segundo Giglio, uma das desvantagens é o trabalho tomar todo o seu tempo e os seus dias. “Mas são escolhas e fases”, ressalta.

É preciso disciplina

“O sofá e a Netflix estão a alguns passos”, explica Giglio. Existem muitas distrações em casa e o fato de você estar em um ambiente mais intimo pode te fazer trabalhar a hora que quiser. “O que não é verdade […] o horário comercial é sempre mais produtivo”, alerta Rafael.

“Quando eu comecei a trabalhar home office, eu me forcei a entender que, mesmo em casa, aquilo era trabalho. Eu acordava todos os dias de manhã, tomava banho, trocava de roupa e ia pro quarto que usava de escritório para efetivamente começar meu dia”, exemplifica Ariana.

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Entretanto, vale lembrar que é preciso ser disciplinado para que qualquer negócio dê certo, conforme diz Wagner Martins. “A disciplina no home office só depende de você. Em escritórios, o volume de interrupções ou de reuniões para discutir apenas processos internos é consideravelmente maior”, analisa.

Cuidados legais

O profissional e a empresa que optarem pelo home office precisam lembrar dos cuidados legais. “O mercado publicitário é mais dinâmico e trabalha mais PJ do que com o modelo CLT, o que dá maior flexibilidade”, analisa Claudia Santos, especialista de RH da consultoria Emovere You.

A profissional alerta que é preciso um plano de home office estruturado. Seja agência, cliente ou freela, é preciso ter tudo, preferencialmente, por escrito e acordado entre as partes. “Os acordos de home office e de horas extras estão na reforma trabalhista, mas eles devem ser de comum acordo e, preferencialmente, padronizados, sendo uma prática de toda organização”, explica.

Sobre os impostos, eles devem reger o que está na CLT. Horas extras, adicionais noturnos, descanso de 11 horas entre uma jornada e outra. “Agora com o eSocial (Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas), as empresas deverão se adequar, pois com os sistemas da Receita Federal, INSS e CEF integrados, todas as empresas pequenas, médias e grandes deverão se adequar. Do contrário, além da multa, poderão ter a visita de fiscalização do trabalho”, alerta.