O publicitário brasileiro Neil Ferreira morreu nesta terça-feira (7), aos 74 anos. O criativo foi uma das revelações da DPZ – atual DPZ&T –, onde trabalhou ao lado dos fundadores Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza. Redator, Neil é considerado a grande revelação da propaganda brasileira nos anos 60 e um dos mais brilhantes criativos da década de 70. Ele também passou pela Norton. Todo mundo queria contratar o redator que inspirou diversos profissionais e fez dupla com José Zaragoza (que faleceu em maio deste ano), a quem considerava um irmão.  Ficou famoso um anúncio após sua primeira saída da DPZ, que dizia:  “Neil, queridinho, volte pra casa. Tudo está perdoado. Z”.

Entre seus grandes trabalhos na publicidade, estão a criação do Baixinho da Kaiser e o Leão do Imposto de Renda (1978). Neil foi homenageado no 24º Anuário do Clube de Criação, em 1999, e passou a integrar o Hall da Fama da entidade.  Aos 69 anos, em 2012, Neil ganhou, no Rio de Janeiro, o Prêmio Jeca Tatu, na Academia Brasileira de Letras, durante o 7º Encontro de Redação Publicitária, em uma iniciativa da Alap (Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade), com apoio do Conselho Nacional de Propaganda e do Clube de Criação do Rio de Janeiro.

Neil estava afastado da rotina  das agências de publicidade há quase 20 anos, depois de passar por duas crises em que ficou alguns anos afastado, ensaiando outros modelos de vida, como escrever crônicas sobre filhotes de gambá e seus cães Chicão e Fedegoso. “A rodovia Raposo Tavares começou a me cobrar uma hora e meia na ida e uma hora e meia na volta para ter um trabalho fixo  numa agência no bairro dos Jardins. Resolvi tomar uma decisão existencial que salvou a minha vida: fiz um home office e virei freelancer há uns bons 10 anos. Moro numa casa deliciosa, com um jardim que é a menina dos meus olhos”, disse ele em entrevista ao PROPMARK.

Sobre Neil, Zaragoza falou que ambos não apenas criaram campanhas juntos, mas também “se entregaram para as marcas que usavam e abusavam do entrosamento da dupla”. “Os criativos sabem como a relação de um diretor de arte com um redator tem tudo para ser difícil. Respirar e oxigenar ideias juntos pode ser algo extremamente simples ou um tanto quanto complicado, mas, com o Neil, tudo parecia muito fácil e simples. No futebol, um jogador que conhece bem o outro nem precisa olhar onde o companheiro está no campo para dar o passe, sinto isso quando falo do Neil, ele me encontrava nos traços e eu o achava nas palavras. Um toque leve, refinado e criativo”.

O velório será realizado na sala 3 do Bloco E do Hospital Albert Einstein, no Morumbi, a partir de 20h30 até quarta (8), às 11h. Depois, ocorrerá a cremação,  às 14h, no crematório Horto da Paz, na rua Horto da Paz, 191, em Itapecerica da Serra.